Como parte das comemorações dos 485 anos do Recife, a Prefeitura do Recife anuncia, neste sábado (12), o restauro e requalificação do histórico Mercado de São José, no bairro de mesmo nome. Um dos espaços mais tradicionais da cidade, o equipamento receberá um investimento na ordem de R$ 21,4 milhões para as obras, que serão realizadas pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB). O edital de licitação para escolha da empresa responsável será publicado também neste sábado e as obras devem começar até outubro, com prazo para execução de dois anos a partir da assinatura da ordem de serviço.
A notícia foi dada pessoalmente pelo prefeito João Campos aos permissionários durante visita na manhã de hoje ao local, onde também estavam presentes a secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, o secretário de Política Urbana e Licenciamento, Leonardo Bacelar, o diretor-presidente da Autarquia de Serviços Urbanos do Recife (CSURB), Gabriel Bacelar, além do presidente da Autarquia de Urbanização do Recife, Luiz Henrique Lira. No local, a equipe visitou os boxes e foi colher os pedidos e impressões dos comerciantes sobre as intervenções.
“Estamos aqui no Mercado de São José, que é um importante patrimônio da cidade, nosso principal mercado. No dia do aniversário da cidade a gente publicou no Diário Oficial de hoje a contratação de uma empresa para fazer a reforma do mercado Serão 21 milhões de Reais investidos e, até o mês de outubro, nós começaremos as obras, garantindo que todos os permissionários serão ouvidos, serão respeitados e que a gente vai requalificar de maneira integral o mercado, banheiros, boxes, vamos criar um mezanino que vai possibilitar o serviço de alimentação funcionar no primeiro andar do mercado, desse que é um grande patrimônio nosso. Mais de 150 anos de história, o mercado de São José, no coração do Recife, agora receberá a maior requalificação de sua história. Então vamos juntos celebrar o aniversário da cidade e entregar melhorias para todas as áreas do Recife”, explanou João Campos
A intervenção está inserida no Recentro, programa para revitalização da área central lançado em novembro pelo prefeito João Campos. Aprovado e financiado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o projeto atende todas as premissas sobre restauro exigidas pelo órgão. A obra vai garantir a restauração e a preservação do mercado, Patrimônio Histórico Nacional, honrando a memória e a história do Recife; reforçar a importância do Mercado como parte integrante do dia a dia dos recifenses; trazer mais investimentos e visibilidade para o mercado como ponto turístico; e requalificar suas instalações.
A ideia é restaurar a espacialidade original da rua interna coberta, que será desobstruída após a reorganização do espaço, e do pavilhão sul, além de propor melhorias para o pavilhão norte. Para isso, será feito o remanejamento das lanchonetes, atualmente localizadas no pátio externo da edificação, para uma nova área de mezanino, concebida em estrutura metálica, sobre os boxes do pavimento térreo do pavilhão norte. A estrutura deste mezanino será totalmente independente da antiga estrutura neoclássica do edifício tombado, com pintura de cor distinta, de modo a deixar claro os dois momentos em que se deram as execuções de cada uma das construções que compõem o conjunto. O acesso a este nível se dará através de 4 escadas e 1 elevador.
Com o intuito de preservar as características originais, a calçada e a alvenaria em pedra lioz que contornam o imóvel serão conservadas e complementadas onde houver lacunas. Além disso, será realizada a preservação e a restauração dos elementos de ferro, vidro e madeira, que receberão, ainda, proteção contra as patologias características de cada material. O térreo, anteriormente em pedra rachão, receberá piso durbeton, assim como o mezanino. A Rua Central ganhará piso em granito serrado, em toda sua extensão. Já o piso do pátio interno, a ser liberado com a retirada das barracas, será revestido em granito flameado, em tom semelhante à pedra lioz.
Durante a obra, os permissionários poderão optar pela realocação da atividade comercial para local próximo ou por auxílio e/ou indenização compensatória. Todos terão suas atividades mantidas no Mercado e retornarão ao espaço quando os serviços forem finalizados, que é gerenciado pela Autarquia de Serviços Urbanos do Recife (CSurb). O projeto contemplou a reorganização dos 403 boxes existentes, sendo 44 localizados na rua central, 178 localizados no pavilhão norte, 156 localizados no pavilhão sul e 25 localizados no mezanino, destinado às lanchonetes. Os boxes serão reconstruídos em painéis tipo wall, fixados em perfis metálicos, com revestimento apropriado à destinação (alimentação, artesanato, comércio de carnes, aves e peixes). As áreas variam entre 3,06 m² e 14,17 m².
Para garantir a acessibilidade, serão implantados elementos como sinalização tátil alerta e direcional, mapas táteis, elevador de acesso ao mezanino (com capacidade para 16 pessoas). Os anexos também serão reformados, inclusive para recebimento de instalações destinadas às pessoas com necessidades especiais. O sanitário feminino será composto por 5 cabines, sendo 1 delas para pessoa com necessidades especiais, e 2 chuveiros; já o masculino terá 5 cabines de vaso sanitário, 4 mictórios e 6 chuveiros. Também será realizada a recuperação e/ou implantação dos sistemas necessários para o bom funcionamento do espaço, como elétrico, hidrossanitário, luminotécnico e de gás.
HISTÓRICO – Inaugurado em setembro de 1875, o Mercado de São José é o mais antigo do Brasil e tem arquitetura em ferro típica do século XIX. A inspiração veio do mercado público de Grenelle, em Paris. O projeto, elaborado por encomenda da Câmara Municipal do Recife, provavelmente é de Victor Lenthier, engenheiro da casa à época, com detalhamento do engenheiro Louis Léger Vauthier, contratado também para acompanhar a execução das estruturas de metal na França. O espaço é um dos monumentos pernambucanos, reconhecido e tombado pelo Patrimônio Histórico.
Sua estrutura metálica secular imponente é um marco na arquitetura local e faz parte do dia a dia de recifenses e turistas. O mercado destaca-se pela sua forte área de comércio dispondo de comercialização de produtos de artesanato, alimentos (incluindo peixes e carnes), produtos religiosos, mercearias e depósitos. O equipamento ocupa uma área de 4.612m² dos quais 3.541 m² são cobertos, dividida em dois pavilhões (norte e sul) além de pátio externo em frente aos pavilhões. Mede 48,88 m de frente por 75,44 m de fundo. Artesanato em barro, corda e palha fazem do mercado polo de atração turística.
Ao longo de quase 150 anos de história, o Mercado de São José sofreu várias reformas. A primeira delas, em 1906, levou dez meses. Em 1941, foram substituídas as venezianas de madeira e vidro por cobogós de cimento, mais duráveis. Em novembro de 1989, um incêndio destruiu parte do mercado, danificando a estrutura. A obra para reconstrução durou um ano e, em 12 de março de 1994, ele foi reinaugurado com grande festa.RECENTRO – Coração econômico, histórico e cultural do Recife, os bairros do centro da cidade convivem com a movimentação do comércio, com a inovação do parque tecnológico e agitada vida cultural, mas também com os desafios construídos ao longo de muitos anos. Para pensar o desenvolvimento dessa área de maneira integrada e explorar toda sua potencialidade, a Prefeitura do Recife lançou, em novembro de 2021, o Programa Recentro. A iniciativa prevê um grande plano de manutenção, de cuidado, de incentivos fiscais para os bairros do Recife, Santo Antônio e São José e é baseado em quatro eixos de ação.
Um eixo visa à concessão de incentivos fiscais de IPTU e ITBI para novas construções e reformas em imóveis situados nos bairros contemplados pelo Programa. Outro braço do Recentro é a redução da alíquota de ISS para algumas atividades econômicas que atuam nos territórios. Outro ponto é o reforço na vocação da área central para a inovação e tecnologia, com o fortalecimento do apoio ao Porto Digital e a criação de um laboratório a céu aberto para iniciativas inovadoras e a ampliação dos investimentos públicos nos bairros. Toda a iniciativa é gerida pelo Gabinete do Centro do Recife, uma nova estrutura montada exclusivamente para pensar o centro em toda sua complexidade.