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Prefeitura do Recife investe em tecnologia inovadora e sustentável para despoluição do Riacho do Cavouco

O Riacho do Cavouco, um dos mais importantes da Zona Oeste do Recife, receberá um projeto-piloto com uma tecnologia inovadora, sustentável e de fácil manutenção que irá contribuir de maneira direta no processo de despoluição do local. Trata-se dos Jardins Filtrantes, que atuarão no ambiente através de plantas aquáticas nativas que realizarão a filtragem da água do Riacho do Cavouco, no trecho em que o riacho corta o Parque do Caiara, na Iputinga, Zona Oeste da cidade, e deságua no Rio Capibaribe, favorecendo a ampliação da oxigenação dessa região, auxiliando-o em seu processo de resiliência. O prefeito do Recife João Campos visitou o Parque Caiara para verificar o início das obras, na tarde desta segunda-feira (7).

“Eu estou aqui no Parque do Caiara, ao lado do Riacho do Cavouco, e é aqui que a gente vai construir o Jardim Filtrante de 7 mil m² que vai ser responsável por captar essa água que está suja e fazer o tratamento dela de maneira 100% natural. Então a captação da água é feita, coloca na parte de cima do jardim e ela vai descendo por gravidade, numa área bem grande, então através apenas de plantas, pedras, que são os filtros, consegue-se fazer o tratamento completo dessa água que está suja”, detalhou João Campos. “Com isso, a gente vai poder ter o Riacho do Cavouco, que chega no Rio Capibaribe, tendo uma parcela importante da sua água tratada e despejada de maneira adequada dentro do Rio Capibaribe. É uma ação da Prefeitura, junto com a ARIES, que tem como fonte de financiamento o Fundo Global do Clima que é um braço da ONU, e com R$ 4,5 milhões a gente vai fazer toda essa obra aqui no Parque do Caiara”, finalizou ele.

A iniciativa, projeto-piloto do CITinova, é financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente. O projeto é implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e executado em parceria com a Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES), Porto Digital e Prefeitura do Recife.

Projetados para ocupar aproximadamente 7 mil m², os Jardins filtrantes serão responsáveis pelo tratamento de parte da vazão da água poluída que desaguará no Rio Capibaribe. A tecnologia é semelhante à utilizada no Rio Sena e trata-se de uma técnica única, onde espécies cuidadosamente selecionadas associam suas raízes aos microrganismos existentes nos substratos dos filtros para, juntos, exercerem a remoção de poluentes, transformando radicais compostos de N (nitrogênio) e P (fósforo), compostos orgânicos, metais e outros componentes bioquímicos que poluem os efluentes em elementos absorvíveis pelos vegetais ou biologicamente inertes obtendo, assim, a depuração completa.

A tecnologia jardins filtrantes – O Jardim Filtrante é uma tecnologia criada na França pelo arquiteto paisagista Thierry Jacquet, que durante seus estudos percebeu que as plantas eram amplamente utilizadas por cientistas em pesquisas para o controle da poluição, assim aplicou a técnica de fitorremediação para desenvolver soluções sustentáveis. Para o caso do Rio Sena, em Paris, foi criado pelo arquiteto através de sua empresa, a Phytorestore, um parque filtrante que purifica as águas do Sena, liberando água limpa para oxigenação do Sena sempre que necessário (após grandes chuvas que lavam a cidade, por exemplo), permitindo a recuperação do efluente de forma natural.

A fitorremediação ocorre por meio de tanques com diferentes configurações, escavados no solo, impermeabilizados e preenchidos com substratos específicos. Na superfície dos substratos são plantadas espécies vegetais que promovem o tratamento em uma zona de raízes. Trata-se de um sistema natural, não há aplicação de nenhum tipo de agente químico artificial ou microrganismo exógeno no processo.

Uma vez construído e plantadas as espécies vegetais, os microrganismos responsáveis pelo tratamento se proliferam na zona de raízes naturalmente, requerendo manutenção periódica de baixo custo.

Os Jardins Filtrantes são lugares públicos e paisagísticos que integram a biodiversidade da fauna e flora locais. Eles podem constituir um meio natural pedagógico dentro de um parque público, tendo impacto direto na conscientização da população e a relação com o rio. (Fotos: Rodolfo Loepert/PCR)


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