Por: Maria Lucia de Araújo Nogueira
Espalhando minha queixa ao vento, quero sacudir o coração de quem destrói a terra, sem razão. É insano esse desejo de se alegrar quando, num instante, derruba árvores centenárias, dizima a natureza, fragiliza o meio ambiente e põe em risco a própria sobrevivência e de demais espécies.
Predatória é a sua caça, destruidora a sua mão quando, com o machado e a motosserra, deita por terra árvores, confiscando, como propriedade sua, bens coletivos como a baraúna, o juazeiro, a canafístula, aves, plantas que, no futuro, só teremos ideia do que foram apenas nos livros. Quando será a hora de acordar dessa letargia irresponsável e deixar que gerações vindouras conheçam o xexéu, o tiziu, a quixabeira, o mulungu, a aroeira, o vim-vim?
Incorreto saber destes bens por fotos amareladas ou palavras que expliquem o significado de uma herança que não honramos. Mais vale um vale encantado de verde e trinados em profusão perdidos na vastidão das matas, que um descampado sem fim seco e morto.
O tatu, o peba a cavarem suas tocas, a abelha dando-nos seu mel, a umburana, que agasalha o ninho do salta caminho, tudo em perfeita sintonia, fluindo ao balançar do eucalipto, do ipê, sob o vento suave que leva seu perfume por todo caminho.
As aves de arribação caem na boca da cobra, quando, sem receio do homem, em bando festivo, dirigem-se para as águas do riacho
E na morna tarde que se escoa, um galho se quebra, um som de seus passos se sente. O homem se mete naquilo que não lhe pertence, e que não zela, vem sorrateiro, destruir o encanto da aurora, jogando tudo no cesto da vida, cobrindo com o lençol da desfaçatez sua história, maculando seu caminho com pegadas de fogo. O mato virando cinzas nas barbas furiosas do vento.
Excelente reflexão, Lúcia
Questões como essas estão sempre e cada vez mais na ” ordem do dia “. Parabéns. Abraço