Por unanimidade, o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultura de Pernambuco (CEPPC/PE) decidiu, na manhã desta quinta-feira (17), pela aprovação do parecer conclusivo sobre o tombamento do Teatro do Parque, equipamento cultural localizado no centro do Recife, na Rua do Hospício. Um dos únicos teatros-jardim ainda existentes no Brasil, o equipamento cultural conta com mais de cem anos de história e foi reinaugurado no ano passado pela Prefeitura do Recife. A reunião pela aprovação do parecer conclusivo contou com a presença de vários conselheiros e foi realizada no próprio Teatro do Parque.
O pedido de parecer conclusivo ao tombamento do Teatro do Parque chegou ao CEPPC/PE em outubro do ano passado, tendo as conselheiras Mônica Siqueira e Cláudia Pereira designadas para a relatoria. Considerando o conjunto histórico e patrimonial do Teatro do Parque, o CEPPC/PE concluiu pelo parecer favorável ao pedido de tombamento por apresentar todas as prerrogativas para adquirir a condição de bem tombado pelo Estado e ser inscrito no livro de Tombo de Edifícios e Monumentos Isolados
O processo agora retorna à Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que o encaminhará para o governador do Estado, responsável pela assinatura do decreto de tombamento. Depois de publicado, o decreto é despachado ao CEPPC/PE, que inscreve o imóvel no seu livro de tombo.
De acordo com Marcelo Canuto, presidente da Fundarpe, o Teatro do Parque sempre foi um equipamento de uma importância cultural enorme na cidade. “É um espaço que resgata a arquitetura do século passado, de 1929, mas com toda a modernidade em relação a equipamentos que um teatro pode ter, sendo de grande importância para Recife e Pernambuco, pois faz parte do imaginário e do afeto de boa parte da população”.
“O Teatro do Parque é palco da efervescência cultural, cinematográfica e teatral de Pernambuco, e agrega qualidades históricas e sociológicas que fazem dele um espaço potente e de grande valor patrimonial”, pontua Gilberto Freyre Neto, secretário de Cultura de Pernambuco.
“O Teatro do Parque traz consigo a energia e a beleza de um patrimônio especial, porque, além de construído como espaço cultural que é parte da história recifense, também se fez símbolo afetivo, erguido nas trajetórias vividas por um povo. A cada vez que alguém descobre ou reencontra a experiência de estar no Parque, memórias e sonhos se concretizam, em um lugar há muito tombado no coração de quem o conhece. Uma porta aberta a múltiplas artes e a infinitas possibilidades, reafirmação da força identitária e transformadora da cultura”, celebra o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello.
“Como todo patrimônio histórico, o Teatro do Parque compõe parte da herança cultural do Recife. Garantir a preservação de sua memória e cultura, por meio da ratificação do seu tombamento, assegura juridicamente que seu estado físico, bem como sua memória seja transferida para as próximas gerações, que poderão usufruir desse espaço consagrado da arte”, avalia Cássio Raniere, presidente do CEPPC/PE.
Antes da reunião do CEPPC/PE que decidiu pela aprovação do tombamento do Teatro do Parque, os conselheiros foram recebidos na sede do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP), instituição que conta com quatro cadeiras no Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. Para Margarida Cantarelli, presidente do IAHGP, o tombamento do Teatro do Parque faz parte de um projeto maior de preservação daquele entorno, considerado um polo cultural e histórico.
“Esse entorno conta com o Teatro do Parque, a Casa de Clarice Lispector, a sede do IAHGP, a Casa de Joaquim Nabuco e a fonte da Praça Maciel Pinheiro. Há muita coisa pra se valorizar nessa região, que foi um núcleo da imigração judia do século XX. Por isso que Clarice Lispector morou por aqui e que há uma sinagoga por perto. E essa é uma história precisa ser preservada”, avalia Margarida Cantarelli.
TEATRO DO PARQUE – Localizado na Rua do Hospício, no Bairro da Boa Vista, no Recife, foi construído pelo comendador Bento Aguiar no início do século XX, sendo inaugurado em 24 de agosto de 1915.
Um dos únicos teatros-jardim ainda existentes no Brasil, o Parque passou por intervenções ao longo de mais de cem anos de história. Foram quatro desde a inauguração do equipamento, em 1915. A primeira delas data de 1929, quando o Teatro foi ampliado e adaptado para a função de cine-teatro.
Na década de 1950, na gestão do prefeito Pelópidas da Silveira, o teatro fechou as portas, que foram reabrir em 1959, quando o foco das suas atividades voltou novamente ao teatro – para reabertura ocorreu apresentação da peça “Onde Canta o Sabiá”, de direção de Hermilo Borba Filho.
A segunda reforma do Teatro do Parque aconteceu em 1968, quando o espaço recebeu ajustes para conferir a ele características modernistas. A penúltima grande intervenção deu-se em 1986, quando foram observados alguns pequenos indícios de obras de restauração. Por fim, no ano de 2000, foram realizadas obras para instalação de sistema de climatização.
Em 2010, o Teatro do Parque fecha novamente para reformas, desta vez por causa de graves problemas de infiltração que danificaram a estrutura física, hidráulica e elétrica. A reforma, iniciada em 2013, chegou ao fim em novembro de 2020, trazendo restauro de toda a estrutura predial e dos elementos decorativos, devolvendo as características do projeto arquitetônico original de 1929.