Eleito vice-presidente União Nacional de Legisladores e Legislativos (Unale), no último mês de novembro, o deputado estadual Diogo Moraes (PSB) se reuniu, na noite desta segunda-feira, com o secretário do Comércio Exterior (Secex), Lucas Ferraz, juntamente com integrantes da Unale, para apresentar ao Governo Federal sua preocupação com os impactos que o acordo comercial entre Brasil e países asiáticos poderá causar ao Polo de Confecções do Agreste e à cadeia têxtil e de confecções do País.
O parlamentar levou um documento em que enfatiza os impactos que o acordo poderá acarretar para economia brasileira, sobretudo em Pernambuco, com reflexos negativos no setor de Confecções, Têxtil e Automotivo. Para Diogo, apesar dos pontos positivos do acordo bilateral, é preciso criar alternativas para proteger os setores que serão afetados negativamente.
“É inegável que a ampliação da rede de acordos comerciais do país é fundamental para a inserção do Brasil no comércio internacional, para o desenvolvimento da economia brasileira e para o crescimento econômico, mas é preciso cautela com setores mais vulneráveis que, com as reduções de tarifas de importação e barreiras não tarifárias, podem sofrer com a retração da produção, o encerramento de empresas, a precarização do trabalho e o desemprego”, frisou o deputado.
No documento o parlamentar frisa que, diante dos danos que esses acordos em negociação podem causar à cadeia têxtil e de confecção, que hoje representa 14% do Produto Interno Bruto do Estado de Pernambuco e que compõe a indústria de transformação, a qual responde por 11,30% do PIB brasileiro, é necessário enfatizar os impactos apresentadas nos estudos publicados pela própria Secex.
“Uma das grandes preocupações envolvendo a redução das tarifas de importação e das barreiras não tarifárias para os produtos de Vestuário, Têxtil e de Couro e Calçado é a concorrência desleal com os produtores brasileiros, especialmente com as pequenas e microempresas que compõem boa parte da força produtiva do Polo de Confecções do Agreste Pernambucano, podendo levar à precarização dos trabalhadores desses setores, na tentativa de conseguir competir com os preços aplicados pelos países asiáticos”, pontuou o deputado.
Diogo Moraes foi recebido pelo secretário Lucas Ferraz e pelo subsecretário de Negociações Internacionais, Alexandre Lobo. O deputado defendeu a inserção da Unale na discussão da pauta, visto que o acordo impacta em diversas regiões do País.
DADOS
Dados da Secex fazem uma projeção dos impactos em 2040 causados pelos acordos de comércio bilateral com Coréia do Sul, Vietnã e Indonésia, com base nos números atuais. Segundo o levantamento, a expectativa é que daqui a 19 anos a Indonésia tenha um incremento de 1010% nas exportações para o Brasil no setor do vestuário, um aumento de 216% nas exportações do setor têxtil, ao mesmo tempo em que o setor de couro e calçados teria 736% de aumento.
Já o Vietnã vai exportar para o Brasil 702% a mais no setor do vestuário, 250% no setor têxtil e 407% do comércio de couro e calçado. Por fim, a Coreia do Sul vai ter um incremento de 684% na exportação de vestuário, 250% no têxtil e 510% no de couro e calçado.
Enquanto isso, o aumento das exportações brasileiras nos mesmos setores seria mais tímido. O estudo prevê, inclusive, que a produção desses setores no Brasil sofreria uma retração de até 8,6%, como seria o exemplo da produção de couro e calçado, além de uma retração de até 1,42% na produção de vestuário e 0,8% no têxtil.