Já li muito sobre o tempo, igual para o relógio, não para um homem. O tempo passa, mas as lembranças ficam pregadas na mente como um chiclete na parede. Ficam para sempre.
Antecipei minha temporada de fim de ano em Afogados da Ingazeira. Pisei no seu chão rachado hoje, e não amanhã, como faço todos os anos, para atender a um convite da turma de colégio ginasial, hoje fundamental, através de Adalva Lúcia, que no interior a gente identifica pelo nome do pai. Na turma, era a Adalva de Luiz de Ernesto, que tocava piston na orquestra de Carnaval.
Ela mobilizou uma boa turma. Gente que não via há décadas. A maioria, mulher. E explico: no ginasial, o colégio Normal de Afogados da Ingazeira era clube da Luluzinha. Quando abriu para os bolinhas, fui um dos primeiros alunos. Éramos, na verdade, meia dúzia, envoltos num mundo de saias. As regras eram rígidas. Antes do início das aulas, dona Letícia, nossa eterna e saudosa mestra de latim e francês, nos obrigava a cantar a Marselhesa, o hino oficial da França.
O valor das coisas não está no tempo que duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. Que emoção e felicidade reencontrar tantas carinhas enrugadas pelo tempo, mas tão felizes e alegres quanto antes. Parece que o tempo não passou, não deixou rugas. Entendo: como diz Mário Quintana, a saudade é o que faz as coisas pararem no tempo.
Sobre o tempo, novamente Mário Quintana: “A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal… Quando se vê, já terminou o ano.. Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos!”.
Enquanto estava redigindo esse texto, tive que dar um leve timing para cantar irmanado ao grupo “Amigos para sempre”. Revi tanta gente boa que é impossível citar tantos nomes que me guardaram no coração até hoje como amigo.(Blog do Magno Martins)