Por Marcela Mattos e Beatriz Borges, g1 — Brasília
O PSDB informou neste domingo (21) que o processo de votação das prévias que vão definir o candidato do partido à Presidência da República “encontra-se pausado” devido a um problema de instabilidade no aplicativo de votação.
Disputam as prévias tucanas para as eleições presidenciais de 2022 o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio; o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; e o governador de São Paulo, João Doria.
A votação teve início às 7h deste domingo (21) e estava prevista para acabar às 15h. No entanto, durante a manhã, devido a problemas na plataforma, a sigla chegou a prolongar o pleito até as 18h.
Em nota, o partido disse que o aplicativo “não comportou a demanda dos votantes das prévias”, que os votos registrados neste domingo estão preservados e que a data de retomada da votação ainda será definida (veja abaixo a íntegra da nota).
“O PSDB definirá nova data para reabertura do processo de votação para que todos os filiados que não puderam votar neste domingo possam, com tranquilidade e segurança, registrar o seu voto e concluir a escolha do nosso candidato às eleições presidenciais de 2022”, diz o documento.
O presidente do partido, Bruno Araújo, disse neste domingo (21) que está prevista nesta segunda-feira (22) uma reunião com representantes dos três pré-candidatos.
“Amanhã no início da tarde haverá um parecer técnico com representantes do governador João Doria, do governador Eduardo Leite e do senador Arthur Virgílio sobre qual é o real status, o diagnóstico do aplicativo, para entender qual é o tempo de viabilidade de resolução dele”, disse Araújo.
O presidente do PSDB disse ainda que o aplicativo deve ser disponibilizado assim que for “viável”.
“O prazo limite depende da questão técnica. O prazo é limite se o aplicativo apresentar viabilidade de ser resolvido, por exemplo, até domingo”, disse Araújo”, afirmou o presidente do PSDB.
Instabilidade no aplicativo
Ao todo, 44.700 pessoas se cadastraram para votar nas prévias do PSDB. O partido previa que 700 mandatários votassem presencialmente, em urnas instaladas em um centro de convenções em Brasília, e que o restante recorresse ao aplicativo.
No entanto, os usuários reclamaram de falhas na plataforma. Entre os problemas identificados, foram relatados erros no momento em que tentavam fazer o reconhecimento facial.
O aplicativo de votação foi desenvolvido pela Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A plataforma exige dupla verificação para a validação do votante, com identificação facial e validação por código enviado por SMS para o celular do filiado.
Em nota divulgada no início da tarde deste domingo, o presidente estadual de São Paulo do PSDB, Marco Vinholi, afirmou que a plataforma de votações apresentou instabilidade e que o diretório tucano do estado “requereu providências” a fim de que não houvesse “prejuízo enorme para o filiado exercer o seu direito ao voto”.
Depois, também durante a tarde deste domingo, o diretório estadual do PSDB no Rio Grande do Sul divulgou uma nota qual informou ter pedido à Executiva Nacional da legenda uma reunião para avaliar “as condições e a evolução da votação” e decidir “as providências a serem adotadas para garantir a legitimidade do processo eleitoral”.
No meio da tarde, membros do partido se reuniram em busca de uma solução para o problema. De acordo com informações do blog da Ana Flor, até as 17h apenas 10% dos inscritos para votar nas prévias do partido tinham conseguido registrar seus votos.
Em nota, a fundação que desenvolveu o aplicativo disse que “está investigando todas as possíveis causas da instabilidade verificada no aplicativo das prévias do PSDB” e que “os problemas não têm qualquer relação com a compra de licenças para suportar o reconhecimento facial dos filiados”.
A fundação disse ainda que “os votos até agora registrados não serão perdidos, e a segurança do sistema não foi afetada”.
Manifestações
Após a suspensão da votação, os candidatos João Doria e Arthur Virgílio divulgaram uma nota em que defendem que a votação seja retomada no próximo domingo (28) “para que o processo de prévias se encerre de forma rápida, eficiente e justa”.
Ainda, segundo o documento, “prolongar ainda mais o processo de prévias seria um desrespeito aos filiados tucanos e ao processo democrático”.
Os candidatos disseram também que “foi alertado durante todo o processo sobre a fragilidade do aplicativo e os problemas de instabilidade e insegurança que o modelo proposto poderia trazer para as primárias”.
O candidato Eduardo Leite também se manifestou neste domingo (21) por meio de nota. Ele defendeu que a votação deve se encerrar em, no máximo, 48 horas.
“A campanha de Eduardo Leite manifesta-se em nome do bom senso, da celeridade do processo e da manutenção do regramento eleitoral pela conclusão do processo em, no máximo, 48 horas, exigindo um aditamento ao edital com o novo prazo”, diz a nota.
Prévias
Esta é a primeira vez que o PSDB recorre às prévias para escolher o candidato ao Palácio do Planalto. Ao g1, os coordenadores das prévias Marcus Pestana e José Anibal, além do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, reconheceram que há divergências dentro da legenda e que as prévias são único caminho para a unidade ao partido.
Além disso, para os articuladores, o modelo serviu também para dar visibilidade ao partido a pouco menos de um ano das eleições.
Araújo disse neste domingo (21) que a votação deve gerar um “racha” na legenda, mas que será preciso “lamber as feridas internas” e unir os tucanos.
“Devem e têm de provocar um racha. Eleição não é confraria. Eleição é disputa. agora temos até agosto, que são as convenções do ano que vem, para construirmos entendimento. […] Cabe ao escolhido de hoje demonstrar maturidade, liderança no sentido de ter capacidade de construir, lamber as feridas internas e unir o partido.”
Em declarações neste domingo, os candidatos também falaram em união do partido após as prévias. Saiba o que disseram (por ordem alfabética):
Para o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, é preciso haver “paz”, “tranquilidade” e “honradez” após a disputa.