O Fórum Pernambucano de Mudança do Clima (FPMC), coordenado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas/PE), promoveu, nesta quinta (29), um grande encontro para discutir a metodologia usada na construção do Plano de Descarbonização de Pernambuco. Esse documento desenhará a trajetória para o estado alcançar a neutralidade carbônica em 2050, ou seja, as medidas mais eficazes para acabar com as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) ou compensar aquilo que não for possível deixar de produzir. O encontro virtual contou com a participação de 60 integrantes das diversas câmaras técnicas, entre elas Energia, Transporte, Resíduos e Agricultura, Florestas e Uso do Solo.
“Pernambuco vem se envolvendo na construção de sua política de baixo carbono desde 2010 e a gente entende a necessidade de dar passos mais ousados. Este processo, que estamos vivendo agora, coloca o estado em um lugar de destaque. Estamos construindo algo bastante avançado no que diz respeito às discussões internacionais sobre desenvolvimento sustentável e inovação com transformação. Temos a oportunidade de construir as bases para a implementação de um novo modelo de desenvolvimento econômico que cuide das pessoas e do planeta”, afirmou Inamara Mélo, secretária executiva de Meio Ambiente da Semas/PE.
Foi detalhada, no encontro, toda a metodologia de modelagem e de construção das trajetórias: as principais etapas, passos, cronograma e o papel das Câmaras Técnicas e do próprio Fórum Clima na construção do plano. A metodologia escolhida por Pernambuco é a mesma que vem sendo usada no mais novo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU). O emprego desse método num plano estadual representa um esforço inédito em âmbito latino-americano. Vale destacar também que a iniciativa conta com a cooperação da Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ).
Ainda na reunião, foram expostas as projeções de consumo de energia e emissões de GEE discriminadas setorialmente relativas aos cenários base e ao cenário de neutralidade climática prevista até 2050 para o Brasil e região Nordeste. Os integrantes das câmaras conheceram as perspectivas destes quadros para os diversos setores da economia a partir da transição gradual das matrizes energéticas. Segundo o professor de planejamento energético da COPPE e membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas), Roberto Schaeffer, que acompanhou o evento, a região Nordeste possui grande potencial de utilização de fontes de energias alternativas, a exemplo da solar, eólica, dos biocombustíveis, além da biomassa.
Agenda – No final de setembro, as câmaras técnicas do Fórum Clima voltam a se encontrar para debater a modelagem adotada na construção do Plano de Descarbonização e os impactos socioeconômicos deles rumo à neutralidade. Já em 26 de outubro, o colegiado se reunirá para apresentar o documento que deverá ser encaminhado para a Conferência das Partes (COP) sobre o Clima, que ocorrerá em Glasgow, na Escócia.