Por Bruno Vinícius
Em busca de ampliar as políticas de proteção a pessoas em situação de rua, a Prefeitura do Recife (PCR) anunciou nesta segunda-feira o programa Recife Acolhe. A iniciativa, que envolve múltiplas secretarias, busca oferecer novos serviços, moradia, acolhimento, segurança alimentar e empregabilidade à população que está em situação de vulnerabilidade na Capital Pernambucana.
Nos últimos anos, o número de pessoas sem-teto no País tem aumentado por causa da crise econômica e o desemprego. De acordo com o estudo “Estimativas da População em Situação de Rua no Brasil” do Instituto de Economia Aplicada (Ipea), em 2020, são mais de 220 mil pessoas necessitando de políticas básicas no Brasil. No Recife, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre drogas e direitos humanos fez um censo em 2019, onde aponta que 1,6 mil pessoas estão nessa situação na Cidade.
Durante o lançamento do novo programa, que amplia o guarda-chuvas de ações que estavam sendo realizadas anteriormente pela secretaria, o prefeito do Recife, João Campos, comentou que a desigualdade é o maior problema da cidade, ao anunciar a abertura de vagas em hotéis e pousadas para a população em vulnerabilidade.
“Quando a gente hoje anuncia o lançamento de edital para poder contratar 200 vagas de hotel, de pousada, de instituições que estão na nossa cidade, e que podem cumprir com esse papel social, e a Prefeitura bancando isso, a gente quer criar uma rede de solidariedade em que a gente possa engajar as pessoas da cidade. Então, hoje a gente lança esse edital para contratação de 200 vagas para serem custeadas 100% pelo município, pra gente poder garantir um conforto para as famílias, para as pessoas que estão na nossa cidade”, explicou João Campos.
Quanto ao chamamento público, as empresas devem consultar o edital publicado no Diário Oficial para se candidatarem a oferecer as vagas de hospedagens para a população em situação de vulnerabilidade.
“É um programa para quatro anos de gestão e nós damos início agora com o importantíssimo passo de iniciar com os três eixos: acolhimento com vagas de moradia para 200 pessoas, segurança alimentar com a ampliação do oferecimento do café da manhã, e a empregabilidade, como inicialmente 40 vagas. Todo ano teremos ação nova para atender e sempre pensar na qualidade de vida e acesso à renda”, explicou a secretária de desenvolvimento social, Ana Rita Suassuna.
Um dos eixos do projeto também é a empregabilidade das pessoas. Como foi o caso de Rogério Cavalcante, 45 anos, que está trabalhando para a limpeza urbana do município. “Eu vivia em situação de rua há mais de 20 anos. Eu cheguei a lavar carro, mas fazia anos que eu não estava trabalhando com nada. Estou muito feliz de ter comida e ter um canto para dormir também”, conta ele, que também reestabeleceu relações com sua filha.
Atenção
Hoje, o Recife conta com dois Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), um na Madalena e outro em Santo Amaro, e com o programa deve construir mais dois centros. Além deles, a PCR pretende retornar com o restaurante popular Naíde Teodósio, que foi desativado em decorrência da pandemia, em um novo endereço neste mês. Hoje, a Cidade conta com o restaurante Popular Josué de Castro, que fica no bairro de São José, ofertando 1700 refeições diariamente.
“Um programa como esse, que tem o nome Recife Acolhe, e que enxerga um recomeço a uma vida nova não podia ser de outra forma que não fosse nessa gestão humanizada”, enfatizou a vice-prefeita da Cidade, Isabela de Roldão.