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Dia Fatal

Por: Milton Oliveira

O que mais nos inspira – e não percebemos ser esse o império da vida – é a pressa, a sofreguidão em concluirmos o que estamos fazendo, resolvermos os problemas que nos incomodam, chegarmos ao final de determinado trajeto e podermos descansar o corpo vendo um programa na televisão, um filme na Netflix, lendo um livro ou uma revista, ou mesmo não fazendo coisa alguma.

Essa trégua nunca ocorrerá em definitivo, porque sempre estamos iniciando nova atividade, ligando um empreendimento ao outro, e a vida nunca estaciona na sala ou no quarto de casa.

A preocupação com o futuro é uma constante, mas nem sempre na profundidade devida, com a seriedade apropriada.

Um dia nos baterá na cara o vento gélido de uma realidade que não queríamos e que, nem sempre, havíamos cuidado em pensar nela.

Sempre me preocupei como reagiria se, um dia qualquer, numa consulta médica, me fosse informado que meus exames acusavam uma doença letal. Imaginava que não saberia me comportar, se gritava ou seria tragado pelo marasmo.

Esse dia chegou, infelizmente.
Olhando-me nos olhos, o médico me informou que eu estava acometido de câncer. Teria de fazer alguns exames específicos, submeter-me a cirurgia e a tratamento pós-operatório chato, mas necessário.

Na hora, era como se eu levitasse. Soava-me estranha a informação. Eram meus os exames mesmo? Era comigo que o médico estava falando?

Era.
Então me assaltou a dolorosa certeza de que a vida é passageira e a minha se encaminhava para o fim. Deixaria a convivência com a família e com alguns amigos queridos, principalmente meus colegas do internato e os do escritório. Não veria meus netos crescerem. O mar, as estrelas, as músicas, os animais… Passou um filme na minha cabeça.

Chorei copiosamente, ao chegar em casa, meu tugúrio predileto. Em meio ao desespero e alapardado nesse desgosto atroz, imaginei meu velório na sala. E como um antropófobo, tranqueia minha vida.

Mas, mesmo submerso no entorpecimento da solitude, certa manhã ocorreu-me a certeza da existência de Deus e uma força interior cresceu no meu peito agoniado. Entendi, afinal, a evolução da vida e agradeci por haver chegado até ali, quando muitos dos meus familiares e amigos haviam ficado para trás envoltos nas brumas da saudade. Pedi perdão pela falta de fé e roguei forças para suportar o que estava por vir. Se é essa a prescrição a ser observada, vou cumpri-la com resignação, de fronte erguida e na certeza de que não serei deixado só em momento algum.

Por que ter pressa em viver, tanta ânsia em consumir os dias, se as folhas caem no outono e os frutos amadurecem na época certa

Milton Oliveira está se submetendo a cirurgia no Hospital Santa Joana, em Recife.


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Izilda Sampaio
3 anos atrás

Estou na torcida para que você atravesse este período nebuloso da melhor forma possível. Que Deus te ajude a recuperar a saúde. Pensamento positivo e fé, você será vitorioso, eu confio.

Sônia Tenório
3 anos atrás

Amigo, sei que você é forte e conseguirá superar essa doença. Apenas peço a Deus que o ampare e o acompanhe neste momento. Estaremos torcendo e orando pela sua rápida recuperação. Foco, Força e Fé.

Sônia Tenório
3 anos atrás

Amigo, sei que você é forte e conseguirá superar essa enfermidade. Apenas peço a Deus que o ampare e o acompanhe neste momento tão difícil e doloroso. Estaremos torcendo e orando pela sua rápida recuperação. Foco, Força e Fé.