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À mesa com Siqueira, Paulo Câmara é peça-chave na interlocução com PT

Por Renata Bezerra de Melo – Folha PE

Ainda que de gestos discretos e avesso a alardes, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, tem sido um personagem determinante no movimento de recomposição entre PSB e PT. Motivo: a corrida presidencial de 2014 rendeu a implosão de várias pontes entre socialistas e petistas. Algumas cenas daquele ano deixaram feridas ainda abertas, como, por exemplo, a peça publicitária de Dilma Rousseff que apresentava a, então, presidenciável do PSB, Marina Silva, como alguém que tiraria a comida da mesa dos brasileiros em favor de banqueiros. Candidato a vice na chapa encabeçada por Marina Silva, Beto Albuquerque, por exemplo, que foi vice-líder do governo Lula, de lá para cá, rompeu relações com o PT. O próprio presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que já não poupava tom elevado contra Lula e o PT, embora tenha amenizado nas críticas, dispõe, hoje, de um trânsito mais aberto com a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, do que com o líder-mor da legenda. Em 2020, o pleito do Recife reforçou a barreira entre as duas siglas e, por enquanto, o prefeito João Campos, que chegou a prometer que não teria nomes do PT em sua gestão, após o duro embate com Marília Arraes na Capital, cumpre um papel de resistência, sinalizando não ser possível virar a chave de uma hora para outra.

Nesse contexto, Paulo Câmara, dizem os próprios socialistas nas coxias, tem aparecido como um protagonista fundamental nessa reabertura de diálogo com o próprio Lula. Ontem, em Brasília, onde cumpriu agenda com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, Paulo Câmara também foi à mesa com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em conversa reservada sem divulgação na agenda oficial. Os dois nutrem diálogo constante sobre as costuras políticas do partido, do qual Câmara é vice-presidente nacional. Mas o encontro de ontem se deu em meio a esse cenário de recomposição da qual o PSB, dizem fontes do ninho socialista, já não tem como escapar. O PT é o maior partido do campo e o PSB possui interesses localizados para 2022, sendo Pernambuco um deles.


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