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Cobrado, Maia diz a aliados que futuro político de Bolsonaro estará nas mãos de sucessor

Por Andréia Sadi

Cobrado nas redes e pressionado pela oposição a tomar uma posição mais drástica sobre Jair Bolsonaro, como deferir um impeachment na Câmara, Rodrigo Maia tem passado os últimos dois dias repetindo a aliados que o futuro político do governo estará nas mãos do vitorioso na eleição para presidência da Câmara.

Por isso, repete nos bastidores, a presidência da Câmara não pode ser um “puxadinho” do Palácio do Planalto. Maia quer emplacar Baleia Rossi (MDB-SP) como sucessor. Baleia disputa com Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado pelo Palácio do Planalto.

Apesar de ser o candidato de Maia, Baleia Rossi é do MDB, partido que tem boa relação com Bolsonaro. Mas, a aliados, Maia afirma – quando cobrado – que Baleia será independente. O próprio deputado Baleia Rossi, durante conversa com a oposição em busca de apoio por sua candidatura, disse, quando questionado sobre CPIs ou pedido de impeachment, que não deixaria de tomar nenhuma decisão que não estivesse dentro das linhas da Constituição.

Nos últimos dias, Maia tem ouvido de partidos aliados e de oposição, empresários e integrantes do Judiciário que aumentou a preocupação e o temor pela “omissão” do governo federal nas questões práticas da pandemia – como o calendário da vacinação – e que o ambiente se agravou com o caos instalado em Manaus nesta semana.

E cobram mais do que “notas de repúdio” do presidente da Câmara. Partidos de oposição pressionam, por exemplo, pela abertura de um processo de impeachment.

Quando questionado sobre isso, Maia diz a parlamentares que um pedido de impeachment não depende dele: mesmo se deferisse, quem teria que tocar o processo, o julgamento, seria o próximo presidente, já que o Congresso está em recesso. Por isso, reafirma, qualquer discussão nesse sentido depende da eleição do sucessor.

Ele avalia também que a abertura de um processo de impeachment fortaleceu Donald Trump nos EUA- e que uma eventual discussão sobre a situação política de Bolsonaro dependeria de um consenso de partidos não só de oposição, como os de centro, além de manifestações de insatisfação da população por conta da crise na pandemia.

O Palácio do Planalto monitora o ambiente político e, embora não acredite em processo de impeachment, sabe das discussões nos bastidores e admite que a situação para a imagem do governo piorou desde o caos em Manaus. Assessores presidenciais têm mantido conversas com membros do Judiciário e até com Maia, para sondar o clima.

A principal cobrança que chega ao Planalto é em relação à falta de definição de um plano claro de vacinação, além da resolução do colapso no sistema de saúde de Manaus.

A avaliação feita pelo governo é de que, se não houver solução a curto prazo, o risco de insatisfação na população vai aumentar e se alastrar para outros Estados, como na região Sul e Sudeste- traduzido, por exemplo, em panelaços como os de ontem- e se chegar às ruas, como manifestações na Paulista, a imagem do presidente vai passar por novos desgastes em véspera de ano eleitoral.


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