Por: Milton Oliveira
Em meio à crise da pandemia causada pela COVID-19 e às inúmeras discussões a respeito da realização ou não das eleições deste ano, causa perplexidade a decisão em realizá-las. É verdade que começava a cair o número de contaminações e de óbitos, mas, mesmo assim, traduz-se em grande risco permitir as eleições (leia-se comícios, carreatas, etc.), por ser evento popular e muita gente ainda não tem consciência e responsabilidade.
Qual é, pois, a preocupação da maioria dos nossos políticos e das autoridades do nosso país, além dos cargos eletivos, suas benesses, seu poder de mando e a possibilidade de enriquecimento ilícito?
As campanhas políticas transcorreram com algumas restrições, como os comícios, mas as aglomerações foram constantes, em especial nas carreatas; milhares de pessoas sem máscara, bebendo, gritando, acenando bandeira, se abraçando, tudo que não poderiam fazer, fizeram. Quem não imaginava que isso iria ocorrer? Ninguém! Sequer as autoridades que se definiram pela realização das eleições. Essas autoridades, principalmente elas, tinham certeza disso.
Em todo o país, cresce, outra vez, o número de contaminações e de óbitos, o que é lamentável, para não dizer vergonhoso.
Epidemiologistas do mundo inteiro, como o alemão, Hendrik Streeck, recomendam que não se deve considerar o vírus algo simples, nem dramatizar suas consequências. Aqui no Brasil, a começar pelo Presidente da República, a pandemia nada mais é do que uma “gripezinha boba”, e muita gente, seus seguidores, comungam do mesmo pensamento atroz e irresponsável, inclusive dizem que nem aqui, nem no mundo, morreu alguém infectado pelo vírus. Quanta ignorância!
Agora, começa a segunda onda de contaminação. Os países do mundo inteiro estão tomando precaução para evitar mais mortes e colapso nos sistemas de saúde. Na Inglaterra, por exemplo, existe insatisfação social em reativar medidas como o trabalho remoto e o toque de recolher às 22 horas. Especialistas mundiais argumentam que 89% das mortes provocadas pelo novo coronavírus ocorrerá na faixa acima de 65 anos e 95% nos portadores de doenças preexistentes.
Felizmente, os noticiários comunicam a ocorrência de testes finais de vacinas contra o vírus. Há quem diga que até o final do primeiro trimestre de 2021 a população estará vacinada, o que esperamos que ocorra.
Tal informação não se trata, somente, de uma luz no final do túnel, mas da dignidade de não se ter notícia de tantas vidas ceifadas de repente, de milhares de famílias enlutadas sob a indiferença de alguns políticos e de seus tantos seguidores inconscientes.