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“Diz-me como tratas teu lixo e digo quem tu és!”

As pessoas travaram muitas lutas para conquistarem seus direitos ao longo das décadas, cada tempo trazia seus desafios, e a compreensão sobre o próprio ser humano foi sendo enlarguecida e enriquecida. A tudo isso louvamos, pelos passos dados neste sentido. Entretanto, cabe-nos agora confrontar-nos com algo que foi um pouco negligenciado, que é a capacidade de unir o senso de busca destes direitos à necessidade urgente de assumir também os deveres que cada um deles nos acarreta. Aqui darei um único exemplo desta triste dissociação, algo bem perto de nós para facilitar a assimilação, e oxalá a transformação!

Vivemos em uma cidade com um pouco mais de quarenta mil habitantes, uma cidade conhecida por ser familiar, acolhedora e ainda trazer em si a modernidade e o desenvolvimento. Mas o que nos vem à cabeça quando nos deparamos com os rastros de descuido, indiferença e, porque não, arrogância deixados nesta mesma cidade por meio do lixo “presenteado” nas suas belas praças, ruas, avenidas e o no que poderiam ser pontos turísticos? Parece haver uma contradição entre o que dizemos e o que realmente enxergamos.

Discordem de mim, me tachem de ultrapassado ou careta, mas o que digo, e mostra-se em tristes fotos, é o verdadeiro reflexo de parte da população que por criação familiar ou falta de correção se sentem no “estúpido direito” de sujar e depredar nossos espaços comuns, fazendo indiretamente dos servidores públicos da limpeza urbana suas babás, porque onde passam deixam suas marcas, e estes homens e mulheres todos os dias têm que fazer o mesmo serviço, porque alguém não aprendeu a colocar seu lixinho no cesto, ou a recolher o resto de comida que caiu da mesa.

Quem faz a cidade é sua gente! Cobramos e é nosso dever cobrar das autoridades públicas a melhoria constante de nosso município, até fazer fiscalização, mesmo sendo este um verdadeiro escândalo, pois é o mesmo que “fiscalizar os donos da casa”, porque não cuidam bem da própria casa. O que temos feito para colaborar com a permanência destas melhorias? Ninguém é contra a alegria da juventude, mas esta manifestação de alegria tem deixado quais sinais? Podem dizer-me: “viva o hoje, amanhã estaremos mortos!”. É sem dúvida uma visão reducionista e pessimista da própria existência que se manifesta sem perspectiva de futuro. Talvez por isso as atitudes são tão depressivas e mortíferas, porque onde passam não deixam sinais de vida, mas deixam um rastro de total indiferença e destruição. Outros poderiam dizer: “Não temos outra saída, outras opções de lazer!”, é a mesma atitude da anterior. Talvez falte-nos criatividade positiva com uma pitada de bom senso, e aliás ainda falamos no que é bom e belo nessa sociedade?

A indústria dos descartável chegou ao seu ápice, pois não são mais apenas objetos de uso, agora está na própria perspectiva do “ser humano”, “ser gente” e “ser pessoa”, de suas ações e de onde vive. É tudo em quantidade, fácil, rápido, portátil e barato. E assim a vida integral também se desfaz em série, com muita facilidade e sem muitos custos, bastando deixar o seu copo plástico no chão, para em quatrocentos anos ele desaparecer. Para uma Afogados da Ingazeira melhor, seja um afogadense melhor, faça sua parte!

Gutembergue Lacerda Batista, ambientalista, jovem afogadense, seminarista da Diocese de Afogados da Ingazeira, formado em filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco, cursando Teologia pela mesa instituição.


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1 Comentário
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Iris Ionara Lima Virgínio
3 anos atrás

Exatamente isso, Gutemberg. Parabéns pelo artigo!