Por Andréia Sadi
Flagrado pela Polícia Federal com R$ 33 mil na cueca, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) pediu nesta terça-feira (20) afastamento do mandato por 90 dias. Como o afastamento é inferior a 120 dias, o suplente do senador, que é filho dele, não assumirá o mandato.
Chico Rodrigues foi flagrado com R$ 33 mil na cueca na semana passada. O dinheiro foi encontrado durante uma operação que cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do parlamentar.
A operação apura suposto esquema de desvio de recursos públicos em Roraima. Rodrigues nega as acusações e afirma que o dinheiro serviria para pagar funcionários.
Após a operação da semana passada, partidos políticos protocolaram uma representação no Conselho de Ética no Senado com o objetivo de cassar o mandato de Chico Rodrigues.
Aliados do senador, contudo, passaram esta segunda-feira (19) costurando um acordo para que Chico Rodrigues se licenciasse. O próprio presidente do Conselho de Ética, Jayme Campos (DEM-MT), sugeriu que o senador se licenciasse por 121 dias.
Segundo o blog apurou, Chico Rodrigues ouviu em conversas reservadas com políticos aliados que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve ratificar, na sessão desta quarta-feira (21), a decisão do ministro Barroso, que afastou Rodrigues do mandato.
A avaliação feita foi que, após a decisão do plenário, “ficará difícil” para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), comprar a briga com o STF e colocar em votação a análise da decisão de toda a corte.
Motivo: enquanto a decisão é monocrática, ou seja, do ministro Barroso, senadores avaliam que a decisão — se submetida ao plenário do Senado — pode ser derrubada. Mas não quando a decisão for ratificada pela maioria do STF.
Questionado sobre a manutenção do julgamento nesta quarta, Barroso respondeu por meio da assessoria que analisará o caso se e quando for informado oficialmente da licença do senador Chico Rodrigues.
Conselho de Ética
Aliados de Chico Rodrigues ouvidos pelo blog, e que participaram das conversas, afirmam que o senador “está consciente” de que precisava se afastar.
O afastamento também garante que ele será poupado — por ora — no Conselho de Ética, já que existem outros processos na fila para serem analisados, e os senadores não querem mexer com os casos, para evitar desgastes para os alvos e para a imagem do Senado.
Para se licenciar, Rodrigues buscou costurar a garantia de que o Senado não submeterá ao plenário o afastamento dele, após a decisão do STF. Entre os argumentos, Rodrigues alega “perda de objeto”.
Outra discussão que estava em aberto era o tempo do afastamento. Isso porque, dependendo do tempo, quem assume é o suplente, filho de Rodrigues — o que gera mais um desgaste para a imagem pública do senador.