G1 e GloboNews — Brasília
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (3) que passará a negociar com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, proibiu o diálogo dele, Maia, com os secretários da área econômica.
Procurado, o Ministério da Economia informou que não vai comentar o assunto.
Maia deu as declarações em entrevista à GloboNews, logo após ter recebido a proposta de reforma administrativa do governo. A entrega foi feita pelo ministro Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e pelos líderes do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), e na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
“O senhor tem conversado com a equipe econômica? Por que a ausência do ministro da Economia?”, indagou o jornalista a Maia.
“Eu não tenho conversado com o ministro Paulo Guedes. Ele tem proibido a equipe econômica de conversar comigo. Ontem, a gente tinha um almoço com o Esteves [Colnago, assessor especial] e com o secretário do Tesouro [Bruno Funchal] para tratar do Plano Mansueto, e os secretários foram proibidos de ir à reunião”, respondeu Maia.
“Então, decidi que a relação da presidência da Câmara será com o ministro Ramos, e o ministro Ramos conversa com a equipe econômica, para não criar constrangimento mais para ninguém. Mas isso não vai atrapalhar os nossos trabalhos, de forma nenhuma”, acrescentou.
Questionado, então, se está encerrada a interlocução com Guedes, Maia respondeu: “Foi encerrada a interlocução.”
Em seguida, o presidente da Câmara disse que convida assessores, secretários e consultores do governo para conversas desde a gestão de Michel Temer e que o resultado “é muito positivo”.
“Geralmente, os ministros têm pouca agenda. E os secretários, os assessores, os consultores são de grande qualidade no governo federal e nos ajudam, nos ensinam, constroem conosco textos de grande qualidade. A Previdência, por exemplo, o teto de gastos, tantas coisas que nós fizemos. Agora, eu não vou deixar de falar as coisas como elas são. Eu decidi e comuniquei ao governo que, dessa forma, eu prefiro conversar com o ministro Ramos”, completou.
À GloboNews, Maia disse que o diálogo com o Poder Executivo por meio da Secretaria de Governo é “muito melhor” porque a relação dele com o ministro Ramos “é de grande confiança”.
Guedes ‘não é político’
Ainda na entrevista à GloboNews, o presidente da Câmara disse que a interrupção do diálogo dele com o ministro da Economia não vai prejudicar a relação do governo com o Legislativo nem o andamento das reformas porque a articulação política continua na Câmara.
Conforme Rodrigo Maia, Guedes “não é político” e tem “pouca experiência” na articulação política.
“Como ele [Guedes] não é político, ele tem pouca experiência na articulação política. O deputado Ricardo Barros [líder do governo na Câmara] tem muita experiência, o senador Eduardo Gomes [líder do governo no Congresso] tem muita experiência. O ministro Ramos está aprendendo rápido. Mas já aprendeu, já avançou bem. Então, eu não acho que a participação do ministro [Guedes], pelo menos não comigo, claro que ele vai articular com os líderes dos partidos da base, mas acho que não tira nenhum tipo eficiência. Muito pelo contrário: aqueles que sabem fazer política continuam fazendo política e articulando dentro da Câmara”, afirmou Rodrigo Maia.
O que diz a reforma administrativa?
Entre outros pontos, a proposta acaba com a estabilidade de parte dos futuros servidores. Pelo texto, a estabilidade passará a ser garantida somente para os servidores das chamadas carreiras típicas de Estado, como diplomatas e auditores da Receita Federal.