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E Quando É?

Por: Milton Oliveira

E quando é?

Apesar da incoerência verbal, o questionamento poderia ser a respeito de um passeio aguardado há muito tempo. Ou a chegada de uma pessoa da família depois de alguns anos ausente. Ou um presente há muito prometido e esperado com ansiedade. E como a indagação não deve se reportar, exclusivamente, a acontecimentos agradáveis, quem sabe se não seria a notícia de uma cirurgia que teria de ser feita, o que, ao final, convenhamos, seria algo bom, porque restituirá a saúde do enfermo.

Mas não é nada disso.

Todos nós tempos problemas na vida e eles encerram circunstâncias próprias que serão solucionadas em largo ou em estreito espaço de tempo, tudo vai depender da evolução natural dos acontecimentos, dos sentimentos particulares que animam a alma e do desejo íntimo de cada um.

No caso em comento não seria diferente, nem teria motivo para isso.

Sabemos que nem sempre os corações apaixonados encontram-se jungidos pelo desejo unificado e a ânsia duradoura.

É o caso desse cidadão que adentrou no meu escritório numa manhã primaveril de setembro. Encontrava-se separado da família, sentia-se à beira de um abismo. Chorava. Haviam desaparecido o apetite e o sono, restava, apenas, a dor.

Definia-se injustiçado e confessava-se desalentado, sem rumo, sem aceitar o que estava acontecendo. A solução não dependia dele, exclusivamente. Asseverou-me que bem se amolda à sua situação o que dissera, um dia, o escritor inglês Graham Greene:

“Desespero é o preço que se paga ao se dar um objetivo impossível.”

O que é a desesperança?

Sentia muita falta da esposa e o que mais lhe atormentava era a ausência

da filha, que, por certo, pouco estava se preocupando com a situação. Será?

Na semana seguinte, chegou-me à porta de casa, a expressão do rosto renovada, olhos acesos pelo luzimento espiritual, um sorriso tímido nos lábios a denunciar a alma desfraldada à brisa bonançosa. A esposa havia lhe dito que ainda o amava. Então mandou uma mensagem para a filha informando que se aproximava o dia de revê-la. Queria preveni-la, temia reação contrária dela e isso seria decepcionante e doloroso. E ela respondeu imediatamente, quase era possível ver seus olhos pequenos brilharem no rostinho lindo.

E quando é?


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