Home » Sem categoria » Santa Ignorância

Santa Ignorância

Encanta-me, sobremaneira, visitar livrarias ou bibliotecas. Saber que estou frente a frente com inúmeras histórias, costumes variados, experiências ricas em ensinamentos. Cotidianos os mais diversos de gerações de todas as partes do mundo.

Corro com os olhos pelas bordas daqueles compêndios fabulosos, postos ali para serem vendidos aos leitores. Os livros nos dão oportunidade de aprender, de enriquecer conhecimentos, de vivenciar situações inusitadas, emocionantes, muitas delas inesquecíveis. Lendo, conheço outras pessoas, viajo pelo mundo, rio e choro com as personagens.

Fico a imaginar como é possível alguém saber ler e evitar o enriquecimento que a leitura numa obra literária pode lhe proporcionar.

Não sei que nome tem esse proceder obtuso.

Percorro prateleiras e mais prateleiras abarrotadas de riqueza. Qualquer um pode garimpar ali o tesouro que melhor lhe apetece a sede de saber do espírito. Ali é possível descobrir o universo inteiro, através de um livro qualquer, em meio à infinidade de tantos outros perfilados e ao alcance da mão.

Vejo, no entanto, que milhares deles ficam inexplorados, esquecidos para sempre, condenados à poeira e ao mais hediondo dos abandonos.

Sinto-me, então, envolto em milhares de páginas desprezadas, num universo de almas sem dono, sem utilidade alguma, um mar de escuridão.

O mundo palpita lá fora, com seus vícios e suas sanhas viperinas. Dentro das paredes das livrarias e das bibliotecas, a memória se desperdiça sem que se perceba o crime cometido contra a humanidade.

Vejam que bruta agressão! Ao chegar em casa, à noite, cansado, ligo a televisão e me é exibida a futilidade do “Big Brother Brasil”, com o idiota do apresentador chamando de heróis um bando de vagabundos. Que santa ignorância!

Milton Oliveira – Advogado, escritor


Inscrever-se
Notificar de

0 Comentários
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários