Em memória de Inalva Lima
Atualmente, atravessamos momentos difíceis. Quando digo atravessamos, refiro-me ao mundo inteiro. Nos cinco continentes impera o medo, e se ouve um frêmito de esperança. Por quê? O COVID 19, esse inimigo invisível e traiçoeiro, impiedoso e temido, destrói a vida de milhares de pessoas.
Em outras épocas, a humanidade suportou essas trevas de horrores.
No início da década de 1330, a bactéria da Peste Negra, ou Peste Bubônica, atormentou a Ásia Central ou Oriental e se espalhou, por meio de um exército de ratos e pulgas, pela Europa e pela África, matando em torno de 75 milhões a 200 milhões de pessoas. Na Inglaterra, quatro em cada dez pessoas morreram. A população caiu de 3,7 milhões para 2,2 milhões. Por não se suspeitar da existência de bactérias e de vírus, acreditava-se que a razão da doença era o ar viciado, demônios maliciosos ou a ira de deuses raivosos. Não se conheciam, à época, vacinas e antibióticos, e a higiene e a estrutura médica eram deficientes.
Em março de 1520, o escravo africano Francisco de Eguía, infectado pela varíola, propago-a rapidamente por todo o México, matando dezena de milhares de pessoas. Em 1979, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a varíola havia sido erradicada.
Em 1918, soldados nas trincheiras do norte da França tiveram a “gripe espanhola”. A Europa se assustou. Na Índia, morreram 15 milhões de pessoas. No Taiti, 14% da população feneceu. Estima-se que, em menos de um ano, a epidemia matou entre 50 milhões a 100 milhões de pessoas. A Primeira Guerra Mundial (1914/1918) matou 40 milhões.
Todas essas doenças terríveis foram vencidas.
Vieram outros males. A gripe viária (2005), a gripe suína (2009/2010), o Ebola (2014), todos, graças a Deus e com uso dos novos medicamentos descobertos pelos cientistas, tiverem efeitos bem menores e estão, hoje, sob controle ou erradicados.
A AIDS, surgida no início da década de 1980, amedrontou muito, matando mais de 30 milhões de pessoas no mundo; atualmente, se acha controlada.
Por que com o COVID 19 terá de ser diferente? Os cientistas, ao redor do mundo, estão empenhados em descobrir uma vacina e algum remédio para a cura desse mal. E vão descobrir. Os cientistas fazem a parte deles; façamos a nossa. Fiquemos em casa.
Dá-se um jeito – pode-se até requerer algum tempo – para se recuperar um emprego perdido, para se estabilizar financeiramente uma empresa. Mas, se ocorrer morte em alguns dos nossos familiares, o tempo não irá restituir essa vida perdida.
Tenhamos calma e esperança.
Vai passar.
Milton Oliveira – Advogado, escritor e afogadense.