Por Gustavo Garcia, G1 — Brasília
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira (7), em entrevista à GloboNews, que entende a preocupação com a retomada das atividades econômicas, mas que a pressão com esse objetivo neste momento é um ato “quase criminoso”.
Nesta quinta-feira (7), o Brasil ultrapassou a marca de 9 mil mortos em razão do coronavírus, segundo dados do Ministério da Saúde. No total, segundo os números oficiais, há 135.106 casos confirmados de covid-19, doença provocada pelo vírus. O isolamento social, ainda que à custa da atividade econômica, é a principal medida preconizada por especialistas e pela Organização Mundial de Saúde para conter o avanço da pandemia de coronavírus.
O presidente Jair Bolsonaro levou um grupo de empresários na manhã desta quinta ao Supremo Tribunal Federal (STF) para defender perante o ministro Dias Toffoli, presidente da Corte, a retomada da economia em razão do aumento do desemprego.
Para o presidente da Câmara, a flexibilização do isolamento social não deve ser adotada em razão do aumento do desemprego, mas baseada em decisão técnica. Ele afirmou que salvar vidas “vai estar sempre em primeiro lugar”.
Durante a entrevista, Maia foi questionado sobre que tipo de atitude espera de governantes em relação às medidas de isolamento social – se atitudes mais rigorosas ou flexibilização.
“Eu prefiro aquele [governante] que tome a decisão de forma racional e que não aceite pressões de nenhum setor. Então, uma decisão de flexibilização que não estiver relacionada à pressão de algum setor da economia, mas da decisão técnica-científica”, afirmou Rodrigo Maia.
Bolsonaro no STF
Rodrigo Maia foi questionado sobre o que achou da visita de última hora que Bolsonaro fez, acompanhado de empresários, ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.
Mais cedo, nesta quinta-feira, o presidente da República, Jair Bolsonaro, defendeu a retomada das atividades econômicas. Para ele, o comércio precisa ser reaberto e as pessoas devem voltar a trabalhar.
“Chega a um ponto em que você não recupera a economia. E sem economia a sua vida vai para o espaço”, disse Bolsonaro no final da tarde, ao retornar para a residência oficial do Palácio da Alvorada.
Para o deputado, a atitude foi uma “sinalização equivocada” à sociedade brasileira. O parlamentar acrescentou que – se Bolsonaro estivesse acompanhado do ministro da Saúde, Nelson Teich, em vez de ladeado por empresários – a visita passaria mais tranquilidade.
“O ministro já mostra a sua preocupação, porque é um quadro da área [da saúde], da necessidade de, em muitas áreas, a gente ter uma situação mais radical do isolamento”, afirmou.
Ele declarou que, se Bolsonaro quisesse visitá-lo na Câmara, seria recebido ou sozinho ou, no máximo, acompanhado de três ou quatro empresários, para evitar aglomeração.