Por G1 — Brasília
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (19) que “ainda bem” que o “monstro” do coronavírus surgiu, demonstrando a necessidade da presença do Estado.
Lula deu declaração ao conceder uma entrevista por videoconferência ao jornalista Mino Carta, da revista “Carta Capital”.
Durante a entrevista, Lula disse que o preconceito está “na medula da elite brasileira”, que, “grosseira e raivosa”, é, segundo ele, contrária aos direitos para empregadas domésticas, jardineiros e pobres.
“O que eu vejo? Quando eu vejo os discursos dessas pessoas, quando eu vejo essas pessoas acharem bonito que ‘tem que vender tudo o que é público’, que ‘o público não presta nada’, ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises. Essa crise do coronavírus, somente o Estado pode resolver isso, como foi a crise de 2008.”
Lula mencionou, na sequência, o ex-presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt, que comandou o país de 1933 a 1945. À época, houve a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945).
“Você acha que ele [Roosevelt] estava preocupado com orçamento da União? Com déficit fiscal? Se o Tesouro ia falir ou não? Ele tinha que construir armas para vencer a guerra”, disse Lula ao se dirigir ao jornalista que o entrevistava.
Coronavírus no Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou até a tarde desta terça-feira 17.971 mortes por coronavírus, além de 271.628 casos confirmados.
Nesta terça, o Brasil chegou à marca de 1,1 mil mortes nas últimas 24 horas. Esta foi a primeira vez que o país somou mais de mil mortes no balanço diário.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o isolamento social como uma das medidas para evitar a disseminação ainda maior do vírus.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, tem defendido a reabertura do comércio. No último dia 7, chegou a fazer um apelo ao Supremo Tribunal Federal para que as medidas restritivas fossem revistas.
Pela decisão do STF, governadores e prefeitos têm autonomia para definir as medidas de isolamento locais.