Por: Maciel Melo
Entre o silêncio da palavra não dita e a contagem regressiva para responder a uma provocação, a loucura e a razão duelam, até que sejam nocauteados todos os demônios que sussurram em nossos ouvidos.
O silêncio é sempre a melhor resposta para a insanidade de uma pergunta. É o vazio da palavra, a palidez de um sepulcro, é o calvário de um assunto constrangedor, o gozo da calma. O silêncio é o repouso das pálpebras enquanto o sonho não chega. É a força da fé de uma oração, é a volta pra casa depois de um funeral.
O silêncio é a demora de um beijo, no escuro do cinema, é a palavra engasgada na garganta, quando os olhos tomam a vez da voz. É o remanso da paz, mas também a omissão de um povo, a armadilha de uma vingança, a desilusão do amor.
O silêncio é a solidão do deserto, é um mirante no infinito da dor. É o eco da alma, o oco da calma, é uma guitarra sem som. É uma partitura em branco, um palco vazio, é o descanso da voz de Deus.