Toda tragédia carrega em seu bojo lições que precisam ser tiradas. No caso das fortes chuvas que castigaram Afogados e da enxurrada que destruiu casas no Borges e desabrigou dezenas de famílias, algumas lições importantes farão Afogados enfrentar melhor futuras emergências.
A primeira delas mostra que ter uma defesa civil de prontidão e com um plano de contingência estruturado pode fazer a diferença na hora de salvar vidas humanas.
Outra delas é a imprescindível importância de se ter um mapeamento georreferenciado e monitorado permanentemente das principais áreas de risco. “Durante o período das chuvas, nós subimos um drone diariamente para mapear o avanço das águas e saber, em tempo real, a situação de cada uma das áreas de risco monitoradas,” destacou o coordenador da defesa civil de Afogados, Carlos Neves.
A barragem de brotas foi outro ponto alvo de monitoramento mais do que diário. A cada duas horas, inclusive durante a madrugada, um técnico da defesa civil media a régua que marca, no paredão da barragem, a vazão de Brotas. Na madrugada da quarta para a quinta-feira passada, as redes sociais da Prefeitura informava à população, em tempo real, a situação de momento da barragem.
Outra lição a ser compreendida por todos, poder público e sociedade civil, é a importância de um rigoroso controle de novas construções, de modo a evitar a construção em locais que são, por natureza, o caminho das águas. Um problema histórico, não apenas de Afogados mas de todos os municípios, que precisa ser enfrentado.
Mas de todas, a principal lição é a importância da solidariedade. A generosidade que aparece nos momentos difíceis. Hoje foi dia de recolher os donativos que vieram de cidades com Santa Terezinha e São José do Egito, onde a maçonaria esteve à frente da campanha. Grupos de maçons de Afogados foram aos municípios para recolher as doações, entregues nos dois locais de abrigamento. A defesa civil de Pernambuco entregou hoje, 83 colchões. Em Recife, um grupo de jovens já se articula para recolher doações. O ponto de coleta será no tradicional Bar de Lulinha, na ilha do leite, local conhecido de todos os Afogadenses.
Um agradecimento à paróquia do Senhor Bom Jesus dos Remédios, que emprestou sua conta para receber doações em dinheiro para auxiliar os desabrigados. No São Francisco, Padre Luizinho colocou a igreja à disposição para receber famílias. Igrejas evangélicas também se mobilizaram. Um agradecimento especial também aos jipeiros e demais voluntários que auxiliaram no socorro às famílias durante a tragédia e ainda ajudam, seja recolhendo donativos, seja auxiliando no transporte para comunidades rurais isoladas por conta dos estragos causado pelas chuvas. Enfim, todos, que de alguma forma contribuíram para que nossos irmãos e irmãs do Borges tivessem um acolhimento digno. Felizmente não foi preciso abrir as outras escolas que já estavam preparadas para abrigar as famílias que residem após a barragem, caso houvesse a necessidade de remoção.