Por Machado Freire
Presenteado pela natureza, que o colocou estrategicamente no cruzamento das BRs 232 e 116 – e que foi referência na indústria nos idos das décadas de 1950/60, como sede das empresas A.I.C Veremundo Soares e Cortume Nossa Senhora de Fátima, a cidade de Salgueiro é hoje um grande “canteiro de obras” inacabadas, no âmbito federal, estadual e municipal.
O que seria a “obra redentora do Nordeste”, o projeto da Ferrovia Transnordestina-que começou a ser implantado na administração do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, foi paralisado em 2016 deixando muitos trabalhadores e empreendedores da região com seus projetos interrompidos. Nunca se construiu tantas casas para aluguel e venda e a comercialização de carros e motos bateram recordes.
A Transnordestina é lembrada hoje pelos comerciantes que não receberam o dinheiro dos negócios realizados, também pelo canteiro de obras e a grande fábrica de dormentes (a maior do mundo) que não cumpriu o seu papel, além de milhões de trilhos estocados e os vagões e locomotivas que permanecem parados no “meio do tempo”.
Projetos importantes do governo do Estado, como a rodovia PE-460 (BR116-Conceição das Crioulas) e a implantação do Instituto de Medicina Legal-IML – ideias deixadas no papel pelo ex-governador Eduardo Campos, continuam empancados e são cobrados em quase todas as reuniões da Câmara Municipal pelo vereador Antonio Pires, ferrenho adversário do governador Paulo Câmara. Segundo o vereador, falta dinheiro na prefeitura para honrar alguns compromissos, porque “o ex-prefeito Marcones Libório deixou uma dívida de R$9 milhões”.
No âmbito da administração municipal, que está mais próxima da política local, a não execução de obras prometidas na campanha pelo prefeito Clebel Cordeiro, como as 50 creches e a instalação de empresas que criariam oportunidade de emprego e renda, são o principal mote da vereadora oposicionista Eliane Alves. O debate repetido (e chato) na Câmara de Vereadores, resvala , ainda, sobre a falta de remédio nos postos de saúde e a precariedade no transporte escolar, que parece não ter fim.
Mas o que tem deixado as crianças e adolescentes do Sítio Feijão e adjacências, é a obra inacabada de uma quadra coberta, orçada em R$421 mil, objeto de um financiamento do governo federal que destinou cerca de mais de R$1 milhão para a escola construída na comunidade. Só que até agora a construção da quadra permanece inacabada.
Das 50 creches prometidas em campanha, o prefeito Clebel Cordeiro (que está colocando o foco de sua administração na construção de calçamento, com recursos de emendas parlamentares) teria iniciado a construção de três unidades, que estão inacabadas. O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Obras, Marcos Sá, prometeu à Folha do Sertão (mais de uma vez) dar explicações sobre as obras inacabadas, mas não levou em conta o que determina a Lei de Acesso à Informação, deixando as perguntas sem respostas.