Com informações de Alice Albuquerque/JC Online
O presidente do PT no Recife, Cirilo Mota, apresentou nesta quarta-feira (15) a resolução do partido que aponta um caminho de alianças para as eleições municipais deste ano. “No debate dessa resolução já apontamos que o caminho que a Executiva do PT aponta é o de alianças, pois viemos de uma aliança vitoriosa em 2018”, explicou.
Segundo Cirilo, estar na Frente Popular rendeu bons frutos ao Partido dos Trabalhadores, não apenas em 2018, quando o partido apoiou a reeleição de Paulo Câmara (PSB), mas desde os tempos em que o partido governava o Recife. “Em 2018 recuperamos nossas vagas na Câmara Federal, elegemos três deputados estaduais e reelegemos o nosso senador Humberto Costa. Foi nesse campo (de aliança) que os governos do PT se elegeram com João Paulo e João da Costa e defendemos hoje que a candidatura seja nascida nesse mesmo campo de aliança”, disse.
Confira trecho da resolução do PT que aponta que o melhor caminho é permanecer na Frente Popular, o que esfria os planos da deputada federal Marília Arraes de ser candidata a prefeita:
“Por isso, reafirmamos que o PT deve permanecer na Frente Popular do Recife, dialogando com os setores progressistas da capital, colocando o protagonismo do partido a serviço do debate democrático e popular construindo com prioridade absoluta nesse período, a montagem da chapa completa de vereadores/as, buscando a sua ampliação com critérios de representatividade política e social, com atenção às diversidades, a participação de jovens, negros e mulheres candidatas, todos e todas engajadas para valer, denunciando as perseguições ao presidente Lula e a luta pela anulação das suas condenações fraudulentas em um conluio jurídico midiático de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e seus asseclas, provados pelo The Intercept, sendo a voz do povo recifense na capital pernambucana”, diz o documento.
Eleição no Recife
Além da resolução, o presidente municipal do PT apresentou o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) que será composto por sete membros oriundos das chapas que compõem o Diretório da Executiva Municipal. Eles ficarão responsáveis por iniciar os debates sobre aliança ou candidatura própria com a base do partido e movimentos sociais.
“Como fazemos parte de uma aliança, vamos discutir com os partidos que a compõe. Fizemos a aliança em 2018 para a reeleição de Paulo Câmara e hoje ocupamos a Secretaria de Agricultura. Também temos uma retomada de aliança no Recife com Geraldo Julio e ocupamos a pasta do Saneamento. Então, é nesse campo que iniciamos as conversas sobre aliança com a militância, aliados e movimentos sociais”, explicou Cirilo Mota.
Em entrevista recente, Cirilo já havia defendido que uma candidatura própria de Marília Arraes para a Prefeitura do Recife não ajuda e só divide as forças anti-Bolsonaro. “Na minha visão, uma candidatura própria no Recife em 2020 não traz benefício nenhum para o para o partido e principalmente para a luta central; derrotar Bolsonaro. Joga o partido no isolamento. Impede de negociarmos eleições importantes para o PT em várias cidades do Estado com a Frente Popular. Divide às forças anti-Bolsonaro”, disse ele no fim de 2019.
Nesta quarta-feira, Cirilo voltou a afirmar que não quer “estar só” na eleição deste ano. “A gente tem que ter uma forte aliança para combater esse governo de extrema direita que vai ter aqui no Recife e seus representantes para possivelmente emplacar um atraso nos avanços desde a gestão do PT, dando continuidade na gestão do PSB para a população mais carente. A nossa principal tática é derrotar o governo Bolsonaro. Em Recife, uma forte vantagem desse campo de esquerda”, disse.
Ainda assim, ele disse que o partido está discutindo todas as possibilidades. “Está se abrindo um debate e poderá ter candidatura própria desde que seja uma candidatura debatida e aprovada pela instância partidária em Recife. Não estamos com a tática fechada, a nossa tática é aberta. Temos uma corrente que defende o nosso tempo de aliança, o qual eu assino, e temos a corrente também que defende a candidatura própria, que nós também temos que abrir o debate, mas que tem que ser construída na base do partido, não pode ser uma candidatura de cima para baixo, cartorial. Tivemos uma experiência em 2012 sobre candidaturas cartoriais quando tivemos uma derrota no Recife e não queremos repetir o fato de 2012. Então, acho que o PT amadureceu na questão de fazer o debate de forma clara e objetiva sobre qual é a melhor tática para o PT e para o povo da cidade do Recife”, explicou.
MARÍLIA ARRAES
A deputada federal Marília Arraes (PT) conversou com a reportagem do Jornal do Commercio após a resolução do PT ser lançada e negou que a candidatura esteja rifada. Na visão da petista, a decisão final ainda será tomada pelo Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, o que dá um fôlego para que o grupo de Marília siga trabalhando em nome de ter uma candidatura própria na capital.
“Respeito o posicionamento, tanto de Cirilo, quanto de quem tem esse direcionamento. Mas o nosso posicionamento é diferente e nós vamos fazer de tudo para que prevaleça a posição de independência do partido, que é de ter uma candidatura própria, não pode o PT ser o protagonista nacional na oposição a Bolsonaro e ficar como linha auxiliar de outro partido em um Estado importante como é Pernambuco”, afirmou Marília.