G1 — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro informou nesta terça-feira (28) que decidiu tirar Vicente Santini do cargo de secretário-executivo da Casa Civil. Número dois da pasta, ele viajou à Índia em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), o que irritou o presidente.
O presidente anunciou a destituição de Santini do cargo em entrevista na chegada ao Palácio da Alvorada, após retornar da viagem oficial que fez à Índia.
Presidente Jair Bolsonaro diz que ‘número 2’ da Casa Civil vai perder cargo
Santini utilizou o voo da FAB na condição de ministro em exercício, já que o titular Onyx Lorenzoni está em férias. Bolsonaro ficou irritado, pois Santini poderia ter viajado em voo comercial, como outros ministros fizeram.
“Questão do avião da Força Aérea. Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de [secretário] executivo do Onyx. Decidido por mim. Tá, vou conversar com o Onyx, ver quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu. Ponto final”, disse Bolsonaro.
A irritação de Bolsonaro com a atitude de Santini foi publicada na segunda-feira (27) pela jornalista Bela Megale, colunista do jornal “O Globo”, e confirmada pela colunista do G1 Cristiana Lôbo.
Perguntado se Santini deixará o governo, Bolsonaro disse que está decidida a perda da função de secretário-executivo. “Deixa de ser executivo da casa civil, isso está decidido”.
O presidente disse que conversará com Onyx sobre a situação de Santini a fim de decidir se tomará mais “alguma medida suplementar” em relação ao caso.
Antes de ir para Índia, Santini foi a Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial. Na sequência, ele seguiu para Nova Déli, onde se integrou à comitiva presidencial na Índia.
O presidente ficou contrariado com o custo da viagem e perguntou por que Santini não viajou em avião comercial, como fizeram os ministros Bento Albuquerque (Minas e Energia), e Tereza Cristina (Agricultura).
De acordo com a FAB, por decreto, podem utilizar as aeronaves oficiais ministros de Estado e “demais ocupantes de cargo público com prerrogativas de ministro”.
Entre os motivos para solicitar o voo da FAB estão viagens de trabalho, como a realizada por Santini. Neste caso, segundo a Casa Civil, Santini estava como ministro interino, em razão das férias do titular Onyx. Assim, a solicitação seguiu a legislação em vigor.
“O que ele fez não é ilegal, mas é completamente imoral. Ministros antigos foram de avião comercial, classe econômica”, afirmou o presidente.
Na noite desta segunda-feira, a Casa Civil divulgou a seguinte nota sobre o caso:
“Em relação à utilização de aeronave da FAB pelo secretário-executivo (e ministro interino) José Vicente Santini: A solicitação seguiu os critérios definidos na legislação vigente.”