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Maconha medicinal é usada no tratamento de epilepsia e dor crônica; estudos sobre efeitos ainda avançam

Por Fabio Manzano e Patrícia Figueiredo, G1

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na terça-feira (3) a venda de produtos à base de cannabis para uso medicinal no Brasil, mediante prescrição médica.

O tipo de prescrição médica indicada para cada tratamento vai depender da concentração de tetra-hidrocanabidiol (THC), que é o principal elemento tóxico e psicotrópico da planta, ao lado do canabidiol (CBD), conhecido por seus efeitos analgésicos e anticonvulsivantes.

Estudos científicos já mostraram como essas duas substâncias atuam no combate a doenças como epilepsia e dores crônicas. No entanto, o uso dos derivados de maconha para outras condições, como enxaqueca e Mal de Parkinson, por exemplo, ainda precisa ser estudado mais a fundo, de acordo com especialistas ouvidos pelo G1.

Por isso, entidades médicas como Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) se posicionaram contra a regulamentação do plantio de cannabis no Brasil. Já a agência reguladora de medicamentos norte-americana (FDA) autoriza, desde junho de 2018, o uso de CBD no tratamento de epilepsia.

Abaixo, entenda quais são os principais efeitos dos produtos derivados de maconha, como as principais substâncias agem no organismo e quais doenças elas podem combater:

Indicações médicas
As principais indicações médicas dos produtos derivados de cannabis são para tratar:

Crises epiléticas, especialmente em crianças;
Dores neuropáticas;
Náuseas decorrentes de quimioterapia;
Sintomas do autismo;
Agitação noturna em pacientes com demência;
Espasmos decorrentes da esclerose múltipla.
Segundo Alexandre Kaup, neurologista do hospital Albert Einstein, esses são os usos “comprovadamente eficientes” das substâncias CBD e THC.

Além dessas utilizações, também há estudos preliminares que trazem indícios de que o CBD e o THC têm efeitos positivos para controle de:

Mal de Parkinson;
Alzheimer;
Enxaqueca crônica;
Sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC);
Glaucoma;
Ansiedade;
Artrite.
Para Kaup, ainda faltam estudos com grande amostragem de pacientes para comprovar que os derivados de maconha também podem ser usados no tratamento dessas doenças.

Segundo o analista de desenvolvimento regulatório e projetos científicos da HempMeds Brasil, Gabriel Barbosa, a maior parte das importações de substâncias derivadas da maconha para tratamento são as do óleo de canabidiol, que contém tanto CBD quanto uma pequena quantidade de THC.

“Trata-se de uma mistura de um óleo integral com o extrato da planta”, explicou. “Os canabinoides são lipossolúveis, o que significa que se diluem na gordura e não na água e é um produto que não tem somente o CBD, mas mais de 500 componentes.”

Com esta forma de extração, o canabidiol atua em conjunto com outros componentes para melhores resultados. “Além das propriedades do CBD, há na solução flavonoides, que têm efeitos anti-inflamatórios”, ressaltou Barbosa.

No país, pacientes com quadro de epilepsia são os que mais buscam o medicamento, segundo a HempMeds. No entanto, o cenários é diferente nos Estados Unidos, onde o maior uso de medicamentos à base de maconha é feito por pacientes em tratamento de transtorno pós-traumático.


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