Por: Magno Martins
Soube, há pouco, pelo blog do Finfa, que trabalhou comigo como motorista e fotógrafo, do falecimento do comerciante Horácio Pires, irmão de Jurandir Pires, este mais famoso, das Casas com a grife do seu nome no Recife.
Jurandir e Horácio trabalharam juntos e depois cada um tomou seu rumo na vida. O primeiro venceu o preconceito do viés de matuto e se fez gente na vida. Estendeu sua casa Jurandir Pires do Recife para outros centros do Nordeste. Recentemente, passou por dificuldades como todo investidor atrevido e audacioso neste país de economia instável.
Já Horácio, meu vizinho encangado, porta a porta em Afogados da Ingazeira, não enveredou pelo comércio múltiplo do irmão, com quem se intrigou por muito tempo, fumando, há pouco, o cachimbo da paz. Preferiu se dedicar ao comércio de roupas. Meus pais compraram muito tecido a ele para confecção das minhas roupas e dos meus irmãos, principalmente nas festas de fim de ano.
Horácio era casado com Telma, uma pessoa de fino trato, irmã de Mucio Fidélis, colega de adolescência. O casal trouxe ao mundo Plínio, Patricia e Horácio Filho, este casado com Gal, minha amiga, prima da vereadora Aline Mariano, mãe dos meus filhos Magno Martins Filho e João Pedro.
Quando comecei a escrever para o Diário de Pernambuco na década de 80, Horácio, entusiasmado em ver nossa cidade projetada nas páginas do jornal mais antigo em circulação na América Latina, costumava me pautar.
Lembro que foi dele a dica da falsa freira que aplicou um belo conto em muita gente beata da cidade. Vindo de outras plagas, logo conquistou o coração e a confiança de parte da população com campanhas de solidariedade. Numa delas, arrecadou uma montanha de dinheiro e deu o fora da cidade. Vigarista da pior espécie. Virou manchete e acabou presa.
Horácio, como todo sertanejo forte, venceu com altivez e obstinação. Deixa um legado: o apego familiar. Era louco pelos filhos e sua Telma. Que Deus o tenha.