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Crônica de Ademar Rafael

Por: Ademar Rafael

ANTÔNIO FLORENTINO CORREIA

Não poderia faltar nesta galeria o amigo Tota Flor. Tota é sinônimo de muitas histórias da centenária Afogados da Ingazeira. Nunca foi afeito aos bens materiais. Para ele a amizade é a única riqueza. Cícero quando escreveu sobre esse valor, não imaginava que no Pajeú, Tota Flor tão em defenderia sua tese. Conviver com Tota é uma dádiva que recebemos ao morar na região de Afogados, ele escolheu esta faixa de erra para regar a sua infinita horta de amigos.

Jogador de futebol tipo carrapato, quando gruda em um só larga com fogo, fez parte de vários times de Afogados. Destaco o time da Prefeitura que ele e Jurandir de Zé de Louro fizeram e o Limão, juvenil do Guarani.

Contador de “estórias” nato faz de cada farra um momento ímpar. A melhor de todas o famoso caso de pênalti que o juiz Zé de Dora determinou uma nova cobrança. O goleiro Zé Martins, temendo morrer ao tentar defender o potente chute do cobrador, insistia que o bola havia entrado. A irregularidade do lance segundo o arbitro é que o goleiro havia se mexido antes da cobrança e como o chute foi desperdiçado, não poderia haver benefício ao infrator. Este fato contado por Tota, ganha a versão nova em cada relato.

Amante da poesia gostava quando eu recitava versos de Cancão. Na visão de Tota Flor o poeta egipsiense escrevia com a mão divina. Recitei incontáveis vezes “Dia de Finados” e tantos outros. Nos anos 70 através dele cheguei aos livros escritos por Caryl Chessman, sou grato até hoje.

Indo em Afogados da Ingazeira procuro encontrar Tota, afirmo sem reserva que Tota Flor e Totonho de Zé Cajá foram as duas pessoas mais puras no quesito ambição que conheci. O bom mesmo é que ele sempre me chamou de Itamar. Para Tota, Ademar não existe.

(*) – Adaptação de publicação no site www.afogadosdaingazeira.com.br como Pessoas do meu Sertão XVIII


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