A Comissão Especial que analisa a nova legislação do saneamento aprovou nesta terça-feira (10) requerimento do deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE) convidando a presidente da Compesa, Manuela Marinho, a debater, em audiência pública, pesquisa que aponta toxina encontrada na água de Caruaru como uma das causas do aumento dos casos de microcefalia provocada pela zika entre 2014 e 2018.
A pesquisa, realizada pelo Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, foi revelada no último dia primeiro em reportagem do programa
Fantástico, da TV Globo. Segundo a reportagem, os exames constataram que a toxina produzida por cianobactérias, um tipo de alga que prolifera em reservatórios sem saneamento adequado, agravou os casos de microcefalia em mães infectadas pelo vírus zika em Caruaru.
“É preciso esclarecer as responsabilidades da Compesa nas graves constatações da pesquisa”, justificou Rodolfo.
Seu requerimento convida também para a audiência pública os realizadores da pesquisa – professores Patrícia Garcez e Stevens Rehen, da UFRJ – e Renato Molica, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que propôs a investigação. Molica atuou no trágico caso, ocorrido em 1996, de 60 pacientes do Instituto de Doenças Renais de Caruaru mortos por toxinas das cianobactérias que contaminaram a água usada nas hemodiálises.
A pesquisa da UFRJ, mostrou o Fantástico, foi motivada pela constatação de que, embora o Nordeste não tenha sido a região que registrou o maior número de casos de infecção pela zika, concentrou 88,4% dos casos de malformação de cérebros de bebês, especialmente a microcefalia, entre 2014 e 2018. No Sudeste houve apenas 8,7% das ocorrências de microcefalia.
Testes em cobaias nos laboratórios do Instituto de Ciências Biomédicas comprovaram que a água com saxitoxina, produzida por cianobactérias, resultou em casos muitos mais graves de microcefalia do que nas cobaias em
que apenas foi inoculado o vírus zika. Os pesquisadores da UFRJ ainda não descobriram porque a toxina das cianobactérias facilita a chegada da zika no cérebro dos bebês.