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Estaleiro Atlântico Sul reduz prejuízo mas mantém demissões

JC Online

Enxugando a operação e pagando o que deve na medida do possível, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) conseguiu reduzir em 33% o seu prejuízo financeiro em 2018. Ao passo que acumulava um montante de R$ 105 milhões em 2017, no ano passado as perdas somaram um total de R$ 70,1 milhões, garantindo até uma geração de caixa de R$ 214 milhões, frente saldo negativo de R$ 90 milhões no ano anterior. A receita chegou a R$ 1 bilhão (crescimento de 11%).

“A situação do estaleiro melhorou no aspecto financeiro. A dívida diminuiu e houve geração de caixa. O que teve alta foram os gastos trabalhistas, aumentam por conta das rescisões. A nota explicativa está justificada por uma conta chamada de “provisão pelo processo de reestruturação da companhia”, que provavelmente prevê os custos das demissões”, diz o sócio da auditoria Equity, Bruno Lindoso de Melo. Com bem menos produtividade, os gastos com fornecedores do estaleiro caíram 34%, saindo de R$ 159,2 milhões para R$ 104 milhões, assim como reduziu-se o custo dos empréstimos (17%).

Num lado mais perverso dessas contas, em relação ao custo social, também entra a subtração de postos de trabalho. Reflexo direto da decadência do setor naval no Brasil, os gastos com obrigações trabalhistas na companhia cresceram em disparate.

No comparativo entre os últimos dois anos, a alta foi de 209%. O dinheiro serviu para pagar, entre outras coisas, ações trabalhistas dos demitidos, que segundo o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal) se tornam um grupo maior quase que diariamente. Do quadro de colaboradores de até 11 mil pessoas no auge do EAS, em meados de 2012, contabiliza-se atualmente cerca de apenas 250 funcionários.

Futuro
“Não dá para me manifestar em relação à estratégia do estaleiro, mas o cenário, se as coisas continuarem do jeito que estão no setor, é de fechamento. Não tem espaço para um estaleiro do porte do EAS na atual situação do País. Mesmo que no curto prazo chegue a se contratar dois ou três navios, isso não gera perspectivas de manutenção no longo prazo. O que a gente vem dizendo desde sempre é que precisaria existir uma política voltada para o longo prazo, garantindo condições de retomada da produção, mas não há nenhuma vontade política para isso ”, atenta o professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Floriano Pires.

Com só uma encomenda de navio ainda a ser entregue este ano, na primeira semana de julho, o EAS tenta manter o fôlego. Em nota, o estaleiro atribui os resultados do balanço ao programa de aumento de produtividade e controle, desenvolvido em todas as áreas da empresa para aumento de eficiência. Ou seja, em suma, a tática tem sido arrumar a casa para tentar se manter fora do vermelho em meio ao gargalo produtivo.

Em 2018 foram entregues quatro navios, mas mesmo assim os gastos com obrigações trabalhistas passaram dos R$ 25,249 milhões, em 2017, para R$ 78 milhões. Nas provisões trabalhistas, a expectativa é de um crescimento de 69% desses números.


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