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Debate na Cúria sobre usina nuclear decide por audiência pública em Itacuruba

Participaram do debate o bispo auxiliar da Arquidiocese e bispo referencial das Pastorais Sociais do Regional NE2 da CNBB, dom Limacêdo Antonio; o bispo de Floresta, dom Gabriel Marchesi; o responsável pela Pastoral Social da diocese, padre Luciano Aguiar; além de representantes de movimentos sociais como o Conselho Indigenista Missionário,  Comissão de Pastoral dos Pescadores, instituição Pró-Vida, Comissão Pastoral da Terra, Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores de Pernambuco.

Dentre os parlamentares, estavam presentes os deputados estaduais Doriel Barros, Tereza Leitão, Isaltino Nascimento, Paulo Dutra e Fabrício Ferraz, além dos deputados federais Renildo Calheiros e Carlos Veras.

Convencido de que o assunto merece especial atenção, dom Fernando afirmou que é obrigação da Igreja entrar nessas discussões que atingem diretamente o povo. “Os perigos da instalação dessa usina são reais e a Igreja se coloca em luta, ao lado do povo e pelo povo, para que todos tenham seu direito à vida, com dignidade e segurança”, disse o arcebispo.

O representante da Articulação Anti Nuclear Brasileira, Prof. Heitor Scalambrini, afirmou que nenhuma obra de engenharia tem risco zero. “Imaginem a possibilidade de vazamento de material radioativo no rio São Francisco, o rio da integração nacional, que passa por sete estados, 506 municípios e com 20 milhões de pessoas que dependem de suas águas. Seria desastroso”, comentou. Além disso, o professor apontou a que o Brasil não precisa de energia nuclear. Segundo ele, Angra I e Angra 2 só produzem 1,1% da potência das energias instaladas do país – perdendo para as energias de fonte hidrelétrica, eólica, termelétrica e solar. “A contribuição da energia nuclear é mínima; as outras suprem as necessidades do país”. Em outra exposição, que priorizou o viés antropológico, a professora Vânia Fialho mostrou ainda que na área do projeto habitam populações quilombolas, indígenas e comunidades de pescadores artesanais que seriam muito prejudicadas com relocamentos e com escapes de radioatividade.

Contra a construção da usina, bispos, parlamentares e movimentos têm a Constituição Estadual, em seu Capítulo IV, do Meio Ambiente, artigo 216, que diz ficar “proibida a instalação de usinas nucleares no território do Estado de Pernambuco enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia hidrelétrica e oriunda de outras fontes”.

Nas palavras do deputado Isaltino Nascimento, “se o projeto fosse bom, outras regiões do país lutariam por ele, o que não é o caso”. Sendo assim, a proposta nascida ao final da reunião desta segunda-feira é ampliar a discussão em grande audiência pública em Itacuruba, com representantes do Governo, parlamentares e população, além de usar a força de articulação da Igreja para unir esforços com os estados de Sergipe, Alagoas e Bahia, que são cotados como locais alternativos para a instalação da usina. “A luta é que a usina não seja instalada nem em Itacuruba, nem no Nordeste, nem em nenhum lugar do Brasil”, afirmou o deputado.

Para o bispo de Floresta, dom Gabriel Machesi, são se trata de fazer vencer “o medo sobre a esperança ou o imobilismo sobre o desenvolvimento, mas de se apropriar do papel de sermos igreja e por isso, políticos”.

Antes de encerrar oficialmente a reunião com uma bênção, o bispo auxiliar de Olinda e Recife, dom Limacêdo, comentou a fortaleza do debate: política, ciência e pastoral reunidos pelo bem do povo de Deus.


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