G1 — Brasília
Em convenção nacional realizada em Brasília, o PSDB elegeu nesta sexta-feira (31) o ex-deputado federal e ex-ministro Bruno Araújo (PE) como presidente nacional do partido para um mandato de dois anos.
Próximo do governador de São Paulo, João Doria, Araújo faz parte do grupo mais jovem do partido, apelidado de “cabeças pretas”. A expressão sinaliza o contraste com o outro grupo, formados por políticos mais velhos, os “cabeças brancas”.
Em seu discurso, Araújo disse que o PSDB pagou “algum preço” pelas suas “hesitações” no passado. Segundo ele, a missão da sigla agora será a “assumir compromissos firmes”, e o primeiro teste será a reforma da Previdência.
De acordo com o novo presidente, o PSDB vai analisar se fechará questão pela reforma, que tramita na Câmara. Fechar questão significa determinar que todos os parlamentares da sigla votem a favor do tema.
“O PSDB vai, através da sua Executiva, não sinalizar o que pensa, não formalizar uma moção, mas vai decidir sobre o fechamento de questão pela reforma da Previdência”, afirmou.
Se o partido fechar questão, isto é, tomar uma posição oficial, os parlamentares que não seguirem a orientação estarão sujeitos à punição.
Em entrevista à imprensa após o evento, Araújo ressaltou que irá defender o fechamento de questão e que, embora possam “haver abstenções pontuais”, “em relação aos temas principais, que são o tronco da reforma, a tendência é de fechamento de questão”, afirmou.
Sucessão
Advogado, Araújo foi deputado estadual em Pernambuco por dois mandatos e federal por três. Em maio de 2016, licenciou-se da Câmara dos Deputados para assumir o Ministério das Cidades, no governo Michel Temer. Nas eleições de 2018, disputou uma vaga no Senado, mas não se elegeu.
Araújo irá substituir o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que havia assumido o comando da legenda em dezembro de 2017, em um momento conturbado do partido. Na ocasião, diferentes grupos disputavam a liderança da sigla.
A eleição de Bruno Araújo fortalece o grupo de João Doria dentro do partido, em oposição ao de Alckmin, que já foi seu padrinho político e representa os tucanos históricos fundadores do partido.
Ao chegar para a convenção, Alckmin disse que deixava o posto com o “sentimento de dever cumprido”. “Estamos terminando essa caminhada com um bom legado, que é o primeiro código de ética, uma mudança no estatuto e o ‘compliance’, que é o programa de conformidade e integridade, que vai dar total transparência na gestão partidária”, disse.
Maia
Aliado histórico do PSDB, o DEM esteve representado na convenção pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em seu discurso, Maia destacou a aliança entre os dois partidos e declarou ter votado em candidatos tucanos à Presidência da República.
“É o partido com o qual eu tenho uma convergência enorme das nossas ideias”, disse.
Ele voltou a defender o papel dos partidos políticos no sentido de fortalecer a democracia. “A democracia não existe sem partidos fortes. Não adianta atacar as instituições”, afirmou.
Antes do encerramento da convenção, Alckmin fez um novo discurso de despedida em que defendeu que o PSDB tenha “coragem de criticar” e de “por o dedo na ferida”. Ele criticou ainda o governo Jair Bolsonaro e o PT.
“Existem duas grandes mentiras: o petismo e o bolsonarismo”, disse. Afirmou, ainda, que o atual governo “não tem nem projeto” e que aumentar a distribuição de arma “é uma irresponsabilidade”.
Após a convenção, João Doria, em entrevista à imprensa, declarou que nunca defendeu “o alinhamento com o governo Bolsonaro e continuo entendendo que o PSDB não deva fazer esse alinhamento”.
Ressaltou que o PSDB “está, sim, apoiando todas as boas iniciativas para o Brasil, reforma da Previdência e tributária” e defendeu que “questões ideológicas” sejam deixadas de lado “para se construir uma nação”.
BRUNO ARAÚJO
DEM
JAIR BOLSONARO
JOÃO DORIA
PSDB