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Crônica de Ademar Rafael

MANOEL FILOMENO DE MENEZES

No mês de junho de 2004, no Bar de Lulinha em Recife, Felizardo Moura –festejado apresentador de congressos de violeiros – disse a mim, a João Paraibano, a Zelito Nunes e a Júnior de Zezito Sá o seguinte: “Não conheço duas pessoas tão nobres e encantadoras como Dedé Monteiro e Manoel Filó”. De fato, os dois fazem parte de um grupo de pessoas que os adjetivos existentes são insuficientes para qualificar.

A família de Manoel Filó e minha segunda família. Na minha infância, enquanto minha mãe tratava-se de uma enfermidade, fui adotado pelos seus pais e recebi um carinho tão grande que, apesar das minhas extravagâncias, rende até hoje. Isto fez com que eu passasse a chamar a sua mãe de mãe Tetê e sua irmã Terezinha de madrinha Teca.

As homenagens recebidas por Manoel Filó, no livro “As curvas de meu caminho”, coletânea de pequena parte de sua vasta obra poética, espelha o quanto ele era diferenciado. Conviver com Manoel Filó era uma benção, até na crítica ele foi fidalgo. Podemos afirmar que foi um ser humano incapaz de causar um dano, moral ou material, a outrem. Seu desapego aos bens materiais representou a sua marca registrada.

A residência de Manoel Filó foi um porto seguro para quem precisava de afeto, compreensão e apoio. A sua loja “Cachoeira Auto Peças”, em Paulo Afonso-BA, foi o maior cabide de empregos que conheci. Raros políticos
ampararam em seu guarda chuva tantos parentes e amigos como ele fez e com uma diferença marcante: Nunca cobrou nada em troca.

Manoel Filó nos deixou em 2005. Em janeiro de 2020 será homenageado, pela passagem dos 90 anos, pelo Instituto Lourival Batista, durante a festa realizada para Louro em São José do Egito.

Por: Ademar Rafael

(*) – Adaptação livre da crônica “Pessoas do meu sertão XVI”, publicada no site “afogados da ingazeira.


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