Estadão Conteúdo
Com a ajuda de aliados, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, elaborou uma nota para expor a sua defesa e ganhar uma sobrevida no cargo. No texto, alega que não foi responsável pelas candidatas de Pernambuco consideradas laranjas e destaca que era responsável apenas pelas contas do então candidato Jair Bolsonaro.
“Meu trabalho foi executado com total transparência e lisura. As contas da chapa do então candidato Jair Bolsonaro, que estavam sob minha responsabilidade, foram aprovadas e elogiadas pelos Ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)”, escreveu.
O documento possui três páginas, duas com um ponto a ponto da sua defesa e outra com gráficos sobre as regras de distribuição de recurso no partido e as competências da Executiva Nacional, da qual fazia parte, e dos diretórios estaduais e municipais.
Bebianno destaca que assumiu interinamente a presidência do PSL entre fevereiro e outubro de 2018 para cuidar da candidatura de Bolsonaro. “Jair Bolsonaro nunca ocupou nenhum cargo de direção no partido, portanto, não tem qualquer relação com outras candidaturas. Responde apenas pela sua própria, como qualquer outro candidato”, alega.
O ministro também escreve que a Executiva Nacional distribui os recursos do Fundo Partidário, garantindo o repasse de 30% para candidatas mulheres, mas que cabe ao diretório estadual formar suas chapas locais, incluindo a indicação das candidatas mulheres e respeitando o porcentual.
“Todos os repasses para os candidatos das eleições proporcionais e aos governos dos estados são realizados pela Executiva Nacional POR CONTA E ORDEM dos diretórios estaduais, que recebem diretamente os recursos em suas contas ou indicam os nomes dos candidatos a serem beneficiados. Compete a cada um dos candidatos a prestação de contas de sua própria campanha, cabendo-lhes também a responsabilidade pelos atos praticados.”
“Por todas essas razões, reafirmo que não fui responsável pela definição das candidatas de Pernambuco que foram beneficiadas por recursos oriundos do PSL Nacional. Reitero meu incondicional compromisso com meu país, com a ética, com o combate à corrupção e com a verdade acima de tudo”, conclui Bebianno.
Para planejar sua reação e elaborar o documento, o ministro convocou para seu front o empresário Paulo Marinho, amigo de longa data que se tornou suplente de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) no Senado. Marinho estava em São Paulo e voou para capital tão logo foi chamado. Os dois se encontraram já tarde da noite da quarta-feira, 13, e tiveram ao menos duas conversas, segundo relato de uma pessoa próxima. Uma das reuniões foi com um integrante do Judiciário e a outra com um parlamentar.
Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que o PSL teria financiado duas candidaturas de laranjas em Pernambuco nas últimas eleições, quando Bebianno era o presidente do partido.
Na terça-feira, 12, em entrevista ao jornal O Globo, o ministro negou ser motivo de instabilidade no governo após essa revelação e, para afastar rumores de mal-estar, afirmou que teria falado três vezes com o presidente Bolsonaro naquele dia.
A crise se intensificou quando um dos filhos do presidente, o vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), disse que Bebianno mentiu ao afirmar que conversou com o presidente. Mais tarde, o próprio presidente retuitou o post do filho e repetiu, em entrevista à RecordTV, que o seu ministro mentiu.