Por Fernanda Calgaro, G1 — Brasília
Os líderes na Câmara das bancadas de PSB, PDT e PCdoB se reuniram na manhã desta quinta-feira (10) com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para negociar um eventual apoio das três legendas de oposição à tentativa de reeleição do parlamentar do Rio de Janeiro. Aliados históricos do PT, os três partidos pretendem tomar uma decisão sem influência dos petistas, donos da futura maior bancada da Câmara.
O líder do PSB, deputado Tadeu Alencar (PE), afirmou ao G1 que articula com PDT e PCdoB a formação de um bloco de oposição na Câmara, que deixaria o PT de fora. As três siglas oposicionistas, destacou Alencar, pretendem definir em conjunto quem irão apoiar na eleição interna da casa legislativa.
Além de Tadeu Alencar, também participaram da reunião desta quinta com o presidente da Câmara os deputados André Figueiredo (CE), líder do PDT, e Orlando Silva (SP), líder do PCdoB.
Alencar disse que PSB, PDT e PCdoB só devem decidir e anunciar qual será o candidato que irão apoiar na eleição pela presidência da Câmara no meio da semana que vem. Até lá, destacou o deputado pernambucano, os três partidos vão se reunir internamente com as suas bancadas para decidir que caminho tomarão.
O encontro de Maia com o bloco de oposição se deu após as declarações da presidente do PT, deputada eleita Gleisi Hoffmann (PR), de que o atual presidente da Câmara não terá os votos dos deputados do partido em razão de ter fechado um acordo com o PSL de Jair Bolsonaro, que será dono da segunda maior bancada da Casa a partir de fevereiro.
Uma ala petista defendia uma aproximação com Maia, mas recuou depois que ele costurou esse acordo com o PSL, oferecendo cargos na Mesa Diretora e o comando da Comissão de Constituição e Justiça, a mais prestigiada e disputada da Casa.
Maia disse ao blog da colunista do G1 Andréia Sadi que, “enquanto o PT não se resolver”, ele não irá mais procurar o partido”.
Apoio oficial
De olho na eleição de 1º de fevereiro, que definirá quem comandará a Câmara pelos próximos dois anos, Rodrigo Maia tem feito intensas articulações para se manter no cargo: 12 siglas já oficializaram apoio a candidatura dele para a presidência da Casa.
PSL (52 deputados eleitos)
PSD (34 deputados eleitos)
PR (33 deputados eleitos)
PRB (30 deputados eleitos)
PSDB (29 deputados eleitos)
DEM (29 deputados eleitos)
SD (13 deputados eleitos)
Pode (11 deputados eleitos)
PPS (8 deputados eleitos)
PROS (8 deputados eleitos)
PSC (8 deputados eleitos)
Avante (7 deputados eleitos)
Considerando-se as bancadas eleitas em outubro, esses 12 partidos somam 262 deputados. No entanto, não há garantia de que todos os parlamentares seguirão a orientação do partido, já que a votação é secreta.
Para conseguir costurar esse leque de apoio, Maia tem negociado cargos na mesa diretora da Câmara. Além da presidência da Casa, a Mesa Diretora é composta por duas vice-presidências e quatro secretarias (capitaneadas por quatro titulares e igual número de suplentes).
Ao PSL, Maia prometeu uma das vices e o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais disputada por ser a responsável pela análise constitucional de todas as propostas em tramitação.
Nas conversas com o PR, ficou acertado que a primeira-secretaria, a quem compete gerir o orçamento da Câmara, ficará com o partido. Na vaga, deverá ser mantido o atual secretário, deputado Giacobo (PR-PR).
Segundo o líder do PSB, eventual apoio das siglas de oposição a Maia não será condicionado a vagas na Mesa Diretora ou em comissões, mas ao compromisso de que assegurará espaço para a atuação da oposição.
“Queremos que o parlamento possa ter a sua autonomia respeitada e a oposição possa exercer o seu papel, com espaço para debates de verdade”, disse Alencar.