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Crônica de Ademar Rafael

O PRESÉPIO

Uma das imagens que não consigo apagar da minha memória é da admiração que eu tinha na minha infância em ver o trabalho das mulheres de Jabitacá para montar o presépio durante as festas de final de ano. Nas primeiras semanas de dezembro de cada ano o espaço próximo a pia batismal era preparado com zelo e devoção para exposição da Maria, José, Menino Jesus, pastores, reis magos, animais e outros adereços que criavam o cenário da gruta onde nasceu Cristo.

A criatividade era grande, os efeitos especiais dos nossos dias não existiam e o improviso imperava. Com olhar de criança, naqueles dais, eu abandonava os altares fixos e focava toda minha atenção para o presépio. Ali imaginava tudo, viajava pelos caminhos dos sonhos infantis e entrava, com toda pureza, na gruta de Belém.

Sempre sonhei ter em minha um espaço para montar o “meu presépio”. Nunca o fiz da forma sonhada. Sempre adiei. Acalento o desejo de infância nos templos encontrados pela vida e nas casas de amigos. Destaque para o presépio que a amiga e colega Inalva, esposa de Zé Carlos de Neco Piancó, expõe anualmente em sua residência.

Como a história reserva para São Francisco a primazia na montagem de presépio no ano de 1223 em visita a cidade de Assis no ano de 2017 procurei uma versão franciscana do presépio. Encontrei vários modelos, contudo, a que mais tocou meu coração foi uma peça onde aparecem Maria e José ajoelhados ao lado de Jesus, que repousa.

Desde a visita, com a devida vênia de cada leitor e leitora, tenho clareza que os diversos formatos dos presépios remetem nosso olhar para o cenário do nascimento do Salvador, mas, o verdadeiro presépio é composto pela Família Sagrada: Jesus, Maria e José. Que nossa fé continue sendo embalada pela imagem da infância e pela ideia de Francisco, a imagem para os olhos e ideia para o coração.

Por: Ademar Rafael


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