O governador Paulo Câmara enviou ofício ontem (06.07) ao presidente Michel Temer, alertando o Governo Federal para a decisão da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) de transferir a operação e manutenção dos perímetros irrigados do Reassentamento do Sistema Irrigado de Itaparica. “É fundamental que o presidente esteja consciente do problema social que essa decisão vai causar para milhares de famílias, que tiram seu sustento das atividades no Reassentamento”, justificou Paulo Câmara.
No ofício, o governador de Pernambuco diz que os reassentados do Sistema Irrigado do Itaparica receberam a informação que a Codevasf pretende transferir para os irrigantes a operação e a manutenção dos perímetros irrigados. “O que resultaria na extinção do modelo de cogestão que atualmente conhecemos e que se revelou altamente produtivo”, argumentou Câmara.
Paulo também informou ao presidente que a Codevasf suspendeu, no último dia 29 de junho, o contrato da empresa que fazia a manutenção e operação do abastecimento do perímetro irrigado.
O governador de Pernambuco lembrou que esteve na região do Sertão de Itaparica na semana passada, quando a Celpe cortou a energia elétrica para fazer o funcionamento das estações de bombeamento. A suspensão ocorreu por causa da dívida acumulada pela Codevasf, de cerca de R$ 7,9 milhões, além dos atrasos nos pagamentos nos últimos dois anos.
“Por tudo isso, senhor presidente, ante esse quadro de extrema gravidade – e considerando que estamos diante de um contingente de 30 mil famílias que dependem, direta ou indiretamente, do Sistema Irrigado de Itaparica – venho encarecer a intercessão e o apoio de vossa excelência, com vistas ao equacionamento dessa situação e ao restabelecimento das condições de trabalho e sobrevivência de nossa gente, pelo que – desde já – lhe apresento meus melhores agradecimentos”, diz o governador no ofício remetido ao presidente da República.
HISTÓRIA – O Reassentamento do Sistema Irrigado de Itaparica recebeu as família de produtores rurais que foram deslocados de suas terras, na inundação causada pelo reservatório da Hidrelétrica de Itaparica. A formalização do processo de assentamento ocorreu em dezembro de 1986, por meio de acordo firmado entre as famílias e a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), durante movimento de ocupação do canteiro das obras da barragem.