Durante a quinta e última audiência pública realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Cartões de Crédito, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), relator do colegiado, defendeu a educação financeira como forma de alertar a população sobre os juros cobrados pelas instituições financeiras e, com isso, reduzir a inadimplência no país. Citando como exemplo as campanhas de prevenção ao álcool e fumo, o vice-líder do governo no Senado destacou: “o que foi feito em relação às indústrias do fumo e da bebida é preciso ser feito junto à indústria do crédito; chamar a atenção e dizer aos consumidores que o cartão rotativo e o cheque especial fazem mal à saúde financeira”.
A obrigatoriedade de bancos fazerem campanhas informativas aos clientes – nas agências, nos sites, nos extratos das contas – será uma das “fortes recomendações” da CPI a órgãos do governo, como o Banco Central (Bacen), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Ministério da Fazenda, que atuam na regulação do setor. Foi o que Fernando Bezerra adiantou hoje (6) a representantes destas três instituições durante a audiência pública, no Senado.
Na avaliação do relator, a transparência nas informações à população refletirá na redução da inadimplência, responsável, segundo autoridades ouvidas pela CPI, pelo alto custo do crédito e a elevada margem de lucro dos bancos (o chamado spread bancário, registrado na média de 17%). Dados apresentados hoje pelo Ministério da Fazenda mostram que aproximadamente 60% da composição do spread decorre da inadimplência no sistema financeiro.