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“A solidariedade que o PSB e especialmente o governador Paulo Câmara tem demonstrado nesse momento difícil do nosso partido vão ser levadas em conta. Eu diria que hoje a possibilidade de haver uma aliança cresceu com todo esse cenário que estamos vivendo. Mas a possibilidade de nós sairmos com a candidatura própria também continua a ser uma hipótese”, afirmou o senador Humberto Costa (PT), em entrevista à Rádio Jornal, ao ser questionado sobre a possibilidade de o PT apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara.
A sinalização mais assertiva de Humberto ocorreu dois dias após Paulo ter ido até Curitiba, no Paraná, tentar visitar o ex-presidente Lula (PT) na carceragem da Polícia Federal, um dos mais expressivos gestos de aproximação entre o PSB de Pernambuco e o PT. O Palácio do Campo das Princesas cobrava do PT uma sinalização mais concreta de que haverá a aliança. Os petistas mantém pré-candidaturas ao governo, como a da vereadora do Recife Marília Arraes. Elas podem favorecer o plano da oposição de levar a disputa ao segundo turno.
Em entrevista à Rádio Jornal, Humberto Costa avaliou que uma aliança entre os partidos está cada vez mais palpável, mas mostrou ressalvas em relação a possível candidatura presidencial pelo PSB do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, relator do Mensalão.
Na visão de Humberto, um candidato socialista poderia inviabilizar alianças com o PT em estados como na Paraíba, Piauí, Ceará e Maranhão. Em São Paulo, lembrou o petista, o governador Márcio França (PSB) busca o apoio do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) para se reeleger.
“Eu diria que talvez para o próprio PSB não ter candidato talvez seja um cenário melhor. Mesmo que tenha, nós sabemos que o partido vai ter uma posição flexível em relação aos estados”, diz o senador. “Nesses estados, nós temos convicção e certeza que é provável que o PSB esteja com o nosso candidato a presidente da República, mesmo que haja uma candidatura do PSB”, projeta.
Humberto teceu elogios a Marília, que tem viajado o Estado para se viabilizar como candidata, mas disse ter certeza que, caso o PT decida pela aliança, “ela compreenderá e estará na linha de frente”. A vereadora não foi localizada para comentar sobre o assunto. O senador também adiantou que, a partir da próxima semana, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, deve acelerar o debate sobre as alianças nos Estados.
NO PSB
Há dois dias, três aliados de primeira hora do governador Paulo Câmara se reuniram em Brasília com o ex-ministro José Dirceu e outras lideranças do PSB, PDT, PCdoB e PT para tratar das eleições de 2018. Em meio a conversa sobre a necessidade de as esquerdas terem um representante no segundo turno da corrida presidencial, eles conversaram rapidamente sobre a ida dos governadores a Curitiba, a saída do ex-prefeito do Recife João Paulo do PT e a possibilidade de uma aliança em Pernambuco.
Procurado antes da filiação, o governador Paulo Câmara não se opôs a entrada de Barbosa no PSB. Mas o socialista já disse que o partido precisa discutir mais se o jurista será candidato à presidência da República. Barbosa ainda enfrenta fortes resistências no PSB. Ontem, o ex-ministro Aldo Rebelo deixou o partido e se filiou ao Solidariedade por discordar da candidatura de Joaquim ao Palácio do Planalto.
“Pessoalmente, acho que é um equívoco Joaquim Barbosa ter se filiado ao PSB. Na minha ótica, ele inaugurou no país em 2005 essa visão falsa da demonização da política. Não acredito que é um quadro que vá contribuir para uma alternativa do PSB do ponto de vista do poder nacional. Acho que a saída é construir uma aliança com os partidos de esquerda”, opina o deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB), líder do governo Paulo no Legislativo.
Em reserva, um auxiliar do governador descreveu a fala de Humberto como mais uma sinalização no sentido da aliança entre PT e PSB. Mas disse que o governo espera que a próxima conversa tenha um caráter mais definitivo. Paulo e Gleisi se encontraram em Curitiba, quando o pernambucano e outros oito governadores tentaram encontrar com Lula. Não há previsão de que voltem a conversar nos próximos dias.