Por: Portal FolhaPE
Após a fase sigilosa e a deflagração da Operação Torrentes, a Polícia federal garante que terão continuidade as investigações sobre a possibilidade de desvios dos R$ 450 milhões repassados pela União na denominada “Operação Reconstrução”. A partir de agora, o foco da apuração será em identificar o real montante desviado da verba destinada para assistência às vítimas das enchentes que devastaram diversos municípios da Mata Sul de Pernambuco em junho de 2010.
Os detalhes foram repassados à imprensa em entrevista coletiva, realizada na sede da corporação, na área central do Recife. Foram cumpridos nesta quinta-feira (9) no Recife e na Região Metropolitana 15 mandados de prisão temporária, 20 de conduções coercitivas e 36 mandados de busca e apreensão.
De acordo com o chefe da Delegacia de Combate ao Crime Organizado, Renato Madsen, as apurações comprovaram as suspeitas de uma prática continuada e conluio das empresas envolvidas.
De acordo com as informações repassadas na coletiva, as investigações tiveram início a partir de uma denúncia anônima feita à PF, que acionou a Controladoria-Geral da União. A Polícia Federal investiga cinco núcleos, um deles ligado à Casa Militar. Outros quatro núcleos são ligados a empresários. Mas, segundo a CGU, os contratos entre a Casa Militar e os empresários eram fraudados. Há também indícios de corrupção.
A maioria dos envolvidos é servidor público, mas há também empresários. Os contratos eram feitos a todo tipo de apoio logístico, seja de compra de colchão ou filtro para os afetados pelas enchentes. Segundo a PF, o superfaturamento podia chegar a 20% e até 30% em alguns itens.
“O objetivo da operação é complementar as provas já produzidas como também tentar estancar a continuidade de desvios de recursos federais. A operação tem esse foco específico de reprimir e conter esse desvio de dinheiro que era para beneficiar pessoas carentes que estava sendo desviado para os bolsos dos principais investigados. Foi uma operação de grande porte, envolveu vários Estados”, disse Madsen.
O chefe da Delegacia de Combate ao Crime Organizado afirmou que a partir de investigações começou a detectar desvios na execução dos contratos e contratações e se percebeu que houve conluio dessas empresas para fins de desviar os recursos. “Depois se percebeu que essa prática foi continuada. Novos aportes que chegaram nesse ano também estavam sendo alvos dessa associação criminosa”, explicou.