O PALHAÇO.
Ontem viu-se-lhe em casa a esposa morta,
E a filhinha mais nova tão doente.
Hoje o patrão vai lhe bater à porta,
Que a plateia o reclama impaciente.
Em breve ao palco surge e pouco importa,
O seu pesar aquela estranha gente.
E aos sons das ovações que os ares corta…
Trejeita, canta e ri nervosamente.
Aos aplausos da turba, ele trabalha,
Para esconder no manto em que se embuça,
A cruciante angústia que o retalha.
No entanto a dor cruel mais lhe aguça,
E enquanto o lábil trêmulo gargalha,
Dentro do peito um coração soluça.
(Padre Antônio Tomás).