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OPINIÃO DO PERNINHA

Cadê o barulho das ruas?

Quando o escândalo da corrupção começou a se descortinar sob o governo deposto, em função das provas incipientes que envolviam atos inconstitucionais praticados pela ex-presidente Dilma Rousseff, houve uma extensa mobilização de movimentos ditos independentes e o povo foi às ruas de nossas capitais pedir o impeachment da presidente. Ao ser destituída, assumiu o comando, com a pecha de “golpista”, o vice presidente Michel Temer que hoje castiga sem dó o povo brasileiro.

Mesmo denunciado pelos irmãos Batista, da JBS, após apresentação de um farto material considerado escandaloso, o governo que aí está conseguiu aprovar com pequenas ressalvas a tão propalada Reforma Trabalhista e trabalha na surdina para aprovar a tão polêmica Reforma da Previdência. Houve uma trégua por questões estratégicas, mas ninguém se engane que vem chumbo grosso por aí. A desculpa, que ficou por conta do recesso parlamentar, é, na verdade,
para esperar as águas baixarem – se é que vão baixar.

Há quinze dias fomos surpreendidos com um aumento abusivo sobre os preços dos combustíveis, dizendo o governo que precisava arrecadar algo em torno de R$ 10 a12 bilhões de reais até dezembro/2017, para cumprir a meta fiscal. Seria isso mesmo? Os números dão conta que somente no mês de julho (grande coincidência), a liberação de recursos para as bases parlamentares superou os cinco primeiros meses do ano e isso tem nome: compra de votos para tentar arquivar as denúncias que causam náuseas aos brasileiros do bem.

O odor pútrido toma os ventos que arejam a Capital Federal. Sob Temer, evidencia-se a gangrena moral que grassa no Palácio da Alvorada. Encontros furtivos, diálogos indecentes, malas recheadas entregues nas caladas da noite. Homens de confiança do nosso mandatário supremo flagrados em delito. Eticamente o presidente despiu-se da aura institucional, desceu ao mais baixo nível e ainda teima em permanecer no poder.

Está previsto para que nessa quarta feira a Câmara dos Deputados defina os rumos da história de Temer e do País, votando contra ou a favor do relatório que sugere o arquivo das denúncias que pesam sobre o atual presidente. Para o STF assumir o julgamento é necessário a aprovação de 2/3 dos parlamentares presentes à votação.

Mudos e cegos, os brasileiros seguem passivos diante de tudo o que não se vê: de indignação a vergonha passando pela sempre valiosa coerência. As panelas convenientemente silenciaram; as ruas estão vazias e tudo parece dentro da normalidade, ao que perguntamos: Por onde andam os indignados que, por muito menos, ocupavam as vias públicas nos finais de semana? Qual o motivo da passividade de uma sempre ruidosa militância oposicionista? Tornamo-nos um povo de moralidade complacente?

O quadro é preocupante e nos leva a refletir sobre as palavras atribuídas ao líder Martin Luther King, que nunca estiveram tão atualizadas. Dizia ele: “O que me preocupa não é o grito dos maus e sim o silêncio dos bons”.

Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – PE – agosto de 2017.


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