Não ha pobre tão mísero como o pobre,
Muito rico, avarento e desalmado,
Que faz do peito um baú, esconde o cobre,
Nada em ouro mas vive flagelado.
Subtrai dos vizinhos, e não descobre,
Que o tesouro, quando é mal arranjado,
Gera status, porém não torna nobre,
O espírito insensato, e desonrado.
Velho enfermo, chegando ao fim da vida.
Chora vendo que a fortuna adquirida,
Não pertence-lhe, nem vai no ataude.
Deixa todos os bens materiais,
Cofres cheios de joias, cabedais,
E não leva um centavo de virtude.
Diniz Vitorino.