A Operação Lei Seca (OLS) em Pernambuco completa cinco anos nesta quinta-feira e comemora a data inaugurando uma base administrativa na cidade de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú. A partir deste mês, a nova estrutura ficará responsável por planejar ações específicas para todo o Sertão do estado, nas seis Gerências Regionais de Saúde (Geres) – Arcoverde, Afogados da Ingazeira, Serra Talhada, Salgueiro, Ouricuri e Petrolina. A organização vai traçar cronogramas de blitz para cada região com base nos dados estatísticos dos números de acidentados e georreferenciamento dos locais das colisões.
De acordo com o secretário de Saúde, Iran Costa, o objetivo é otimizar a gestão dessas ações no interior e atuar de maneira mais incisiva e focada. “Com uma base física localizada no sertão vamos pensar em um calendário conjunto com as Regionais de Saúde, assim como elaborar ações educativas e de fiscalização que dialoguem cada vez mais com a necessidade e realidade de cada Regional, atendendo às diversas particularidades”, acrescentou.
A estrutura terá como sede o prédio da Geres de Serra Talhada, e contará com profissionais da Saúde e da Polícia Militar para garantir maior interação com gestores das Geres, hospitais, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Bombeiros, Samu, Departamento Estadual de Estradas e Rodagens, Detran-PE e guardas municipais de trânsito. Cada Geres, desde o ano de 2012, já possui um Comitê Regional de Prevenção de Acidentes de Moto.
De caráter permanente, a Operação Lei Seca abrange todo o estado. Desde dezembro de 2011, já abordou 1,7 milhão de motoristas, multou 148 mil, rebocou 20 mil veículos e recolheu a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de 36 mil condutores. Os agentes realizaram 1,7 milhão de testes com o etilômetro. Desse total, 32 mil condutores sofreram sanções administrativas e 1,5 mil criminais, por alcoolemia.
O trabalho envolve cerca de 210 profissionais. Por blitz, atuam aproximadamente 13 agentes de três órgãos de Estado: Secretaria Estadual de Saúde (SES), Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) e Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), sendo quatro militares, quatro agentes do Detran e três técnicos da SES, além de motoristas para van e guincho. No trabalho de orientação, a Operação conta com quatro equipes educativas. Cada uma é composta por quatro pessoas com deficiência, cadeirantes ou muletantes, e dois auxiliares, que ajudam na condução dos deficientes e na entrega de panfletos e folders educativos. A ação ocorre em bares e pontos de aglomeração, como forma de evitar que os condutores dirijam após o consumo de álcool. As ações também acontecem em escolas, universidades, empresas e associações por meio de seminários e palestras.
Acidentes – Os acidentes e mortes no trânsito são encarados como questão de saúde pública e considerados como uma epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Só em 2015, estas seis Regionais de Saúde do Sertão somaram 13.090 acidentados de transporte terrestre com destaque para Petrolina, que registrou 3.340 atendimentos a acidentados, seguido de Ouricuri (3.013), Serra Talhada (2.350), Salgueiro (1.719), Afogados da Ingazeira (1.386) e Arcoverde (1.282). Os 13.090 atendimentos correspondem a 37% dos acidentados de todo o Estado, onde foram registrados 35.128 atendimentos, sendo 26.637 deles envolvendo motociclistas – 80% desses números são relativos a acidentes envolvendo motocicletas.
Atualmente, a epidemia de acidentes de trânsito, principalmente envolvendo motos, é o principal problema de saúde pública no Brasil. Em Pernambuco, por ano, são gastos cerca de R$ 1 bilhão com os acidentados de moto, quantitativo utilizado na saúde, previdência e outras áreas. No setor de saúde, esse tipo de paciente tem impacto na lotação dos leitos de enfermaria e de UTI, nas cirurgias eletivas, que precisam ser canceladas para que haja os atendimentos de urgência; e na reabilitação.