Imagine descobrir que deve R$ 400 mil ao banco do qual é cliente e está com nome sujo na praça. Diversas pessoas estão registrando a ocorrência na Delegacia de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Na semana passada, em um só dia foram cinco pessoas. O perfil é o mesmo: empresários, clientes da agência do Banco do Brasil no município, que tiveram outras contas abertas de forma irregular, sem que eles soubessem, além de empréstimos fraudulentos feitos em seu nome.
O suspeito é um dos gerente da agência. Uma empresária, que não quis se identificar, tomou um susto quando foi tentar solicitar um empréstimo e descobriu que estava devendo uma fortuna. “Fui tirar o extrato, e chegando lá, estava zerada a conta. E muitos empréstimos. Não tinha feito. Não tinha. Um colega ligou, falando o que estava acontecendo no banco. Que o gerente estava, na verdade, roubando. Então entrei em contato com o gerente-geral e ele falou que eu estava devendo R$ 400 mil ao banco, eu não reconheço esse valor”, relatou a empresária.
Outra vítima foi um microempresário do ramo de reciclagem. Ele confirma que tinha empréstimo, mas percebeu que os valores subiram muito. Apareceram novos contratos, que ele alega nunca ter feito.
“Alguns valores de pequenas quantias, de R$ 700, R$ 300, que eu relevei. [O gerente] falou que era engano e eu falei com ele que já havia outras operações assim de débitos em minha conta, até falei para ele que ia entrar com uma ação contra o banco, porque isso era coisa indevida. Eu tava me sentindo lesado, e ele sempre com desculpas, dizia que ia resolver, e o volume foi crescendo a ponto de chegar a ele ter feito, indevidamente, empréstimo na minha conta no valor de mais de R$ 90 mil”, contou a vítima.
A situação das vítimas é difícil. Estão todos negativados, seus nomes foram parar no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC/Serasa). “Está atrapalhando minha vida profissional e pessoal também, porque a gente não tem crédito em canto nenhum, não tenho crédito para nada”, lamentou o empresário, que contou que o gerente está afastado do banco e ninguém consegue localizá-lo.
De acordo com o delegado Adyr Almeida, titular da Delegacia de Paulista, a Polícia Civil já está investigando o caso. As vítimas que estão registrando os boletins de ocorrência em Paulista estão sendo orientadas a comparecer à Delegacia especializada de Estelionato.
“Inicialmente, ele está sendo investigado por crime de estelionato. Porém, a investigação vai ficar mais profunda e aí a gente vai poder saber se houve ainda outros crimes, como falsidade ideológica e falsidade documental”, esclareceu Almeida.
O delegado explica que o caso ainda entra na esfera administrativa, além da criminal. “A conta jurídica dessas pessoas foi utilizada para fazer empréstimos, aditivos. O banco também é vítima desse golpe. O banco deve entrar com processo administrativo para serem ressarcidos esses prejuízos. Pode pensar ainda numa indenização cível , devido a todos os acontecimentos gerados após esse crime cometido”, concluiu.
Em nota, o Banco do Brasil informou que identificou o caso por meio de auditoria interna e que apura a situação para tomar as providências cabíveis. O banco acrescentou que afastou o funcionário até o fim das apurações e que eventuais prejuízos sofridos por seus clientes serão ressarcidos.