Marcos Passos, após o sucesso do livro sobre Zé Marcolino, “Conversa sem protocolo”, alia-se a Ésio Rafael e Santanna O Cantador para presentear os amantes da poesia com o livro “Herdeiro dos astros”, narrando parte da obra de João Paraibano.
Os relatos e depoimentos presentes na publicação, assinados pelos organizadores, por Roberta Clarissa, Astier Basílio, Antônio Marinho, Diomedes Mariano, Sebastião Dias, Ivanildo Vila Nova, Joselito Nunes, Rubens do Valle, Jô Mazarollo e Mariana Teles somam-se aos versos de parceiros e do poeta de Princesa Isabel em uma mistura com alto índice de nordestinidade e elevado valor cultural.
Que esta obra possa enterrar para sempre dois rótulos que tentaram, sem sucesso, colar na imagem do poeta que a todos chamava de “meu santo”. Alguns buscaram de todas as formas adesivar João Paraibano com os rótulos de “poeta iletrado” e “poeta que só canta sertão”. Com a capacidade que Deus lhe deu de sobra Dão de Zaca desmistificou tais emblemas e fez muito “nego” que se achava o máximo engolir suas críticas. João do Peba calou muitos e entalou muitos cantadores intelectualizados.
Que após a edição de “Herdeiros dos Astros” as criações do “canhoto mais direito da cantoria” como diz Diomedes Mariano sejam universalizadas. Espero que seja com a mesma intensidade que os clássicos “Os miseráveis” de Victor Hugo e a trilogia de “O tempo e vento” de Érico Veríssimo universalizaram a sagas de Jean Valjean e das famílias Terra, Caré, Cambará e Amaral, respectivamente.
Assim como o título do livro tem origem em um trabalho científico o seu conteúdo deve ser lavado para o ambiente acadêmico e debatido à exaustão. Somente assim “pseudos” intelectuais deixarão de taxar poetas populares como pessoas iletradas e limitadas e entenderão que estão abaixo deles.
Decifrar o teor da obra de um cantador de viola é missão impossível para nós outros. O que é descoberto e descrito por um violeiro escapa do campo de observação das pessoas normais, por mais que elas se julguem capazes.
Outros livros virão sobre João Paraibano e sua obra extrapolará tudo que tentarem reduzir a um compêndio de papel ou eletrônico.
Por: Ademar Rafael