Do G1 PE
Pernambuco teve, apenas no primeiro semestre deste ano, 73 assaltos a banco, dos quais 26 foram realizados a partir da utilização de explosivos. Essa modalidade equivale a 35% das ocorrências contra agências bancárias e já soma quatro casos a mais que o mesmo período do ano passado. Para tentar coibir essa prática criminosa, as polícias Civil e Federal decidiram unir forças e iniciarão, ainda neste mês de julho, uma força-tarefa para investigar a ação das quadrilhas.
Trata-se de uma iniciativa inédita no Brasil, segundo o delegado Paulo Berenguer, titular da Delegacia de Repressão aos Roubos e Furtos do estado. “Já foi feita uma reunião e definimos o espaço, os nomes das autoridades policiais que ficarão à frente e os casos que serão investigados, que chamamos de inquéritos-mãe. Falta apenas a publicação da portaria que formaliza essa força-tarefa, o que acontecerá até o fim do mês. A investigação conjunta com a Polícia Federal possibilitará a troca de banco de dados de criminosos e somará esforços com a utilização de duas inteligências”, destaca.
Da forma que os criminosos vêm fazendo, eles desrespeitam a supremacia do estado, então estamos trabalhando no sentido de identificar essas pessoas”
Delegado Paulo Berenguer
As quadrilhas que explodem os caixas eletrônicos contam com integrantes locais e também bandidos de fora de Pernambuco. “Alguns são explosivistas ou blasters, que são pessoas que têm cursos específicos sobre utilização de explosivos por já terem trabalhado em obras, pedreiras ou serem ex-militares do Exército. Geralmente vem um especialista de fora do estado e se junta com os bandidos locais”, ressalta o delegado.
De acordo com Berenguer, a troca de conhecimentos entre os bandidos garante o êxito das investidas. “Os bandidos nativos conhecem as estradas, as rotas de fuga, conseguem roubar os carros para serem utilizados nas ações, sabem qual o melhor horário e quantos policiais tem na cidade. Os daqui preparam o terreno, enquanto o pessoal de maçarico e explosivo vem só para executar a ação e vai embora”, conta.
A falta de policiamento nas cidades do interior de Pernambuco é outro fator favorável à ação dos bandidos. “A ação é rápida e eficiente, dura entre 10 e 15 minutos, e os bandidos se aproveitam do pouco policiamento. O reforço do efetivo é essencial para evitar esse tipo de situação, mas não há infraestrutura por parte do estado: faltam viaturas e o número de policiais é pequeno. Da forma que os criminosos vêm fazendo, eles desrespeitam a supremacia do estado, então estamos trabalhando no sentido de identificar essas pessoas”, diz o delegado.
Os explosivos utilizados são, basicamente, de dois tipos: dinamite, que é o TNT com o pavio, e emulsão, que são bisnagas com estruturas concentradas em que o pavio é posto em separado, em sacos. “O acesso a esses explosivos é mediante furto ou desvio de funcionários de pedreiras ou grandes construtoras e esse material desviado é colocado no mercado ilícito”, explica o delegado.