Extratos de uma das contas na Suíça da qual o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se diz “usufrutuário” contradizem a versão até então apresentada pelo peemedebista de que, após 2011, os recursos não foram movimentados.
A informação foi divulgada na edição desta quinta-feira (12) do jornal “Folha de S.Paulo”. O G1 teve acesso aos documentos e confirmou as movimentações.
De acordo com os extratos, Cunha movimentou cerca de 1,3 milhão de francos suíços (US$ 1,3 milhão) em 2014, pouco antes de encerrar a conta.
O valor equivale a um depósito na conta, feito em 2011 por meio de cinco transferências, por João Augusto Henriques, lobista supostamente ligado ao PMDB. Investigado na Operação Lava Jato, Henriques disse em depoimento ao Ministério Público Federal que o dinheiro teria sido desviado de um contrato da Petrobras para a exploração de petróleo em Benin, na África.
Em entrevista concedida ao G1 e à TV Globo no último dia 6, Cunha disse que só soube do depósito um ano depois de o dinheiro aparecer na conta e, como a origem era desconhecida, orientou o truste (entidade legal que administra propriedades e bens em nome de um ou mais beneficiários mediante outorga) a deixar o dinheiro parado, sem movimentação.
“O truste nem sequer aplicou na taxa de juros mínima […]. Qualquer ativo adicional precisa ser contratado, até porque o truste não quer ser associado a uma possível lavagem de dinheiro”, disse Cunha na entrevista.
O lobista João Henriques diz que fez a transferência a mando do economista Felipe Diniz, filho do deputado Fernando Diniz, ex-líder do PMDB na Câmara, morto em 2009. Eduardo Cunha diz acreditar que o 1,3 milhão de francos suíços depositados na conta seriam pagamento de uma dívida que o pai de Felipe Diniz, o ex-deputado Fernando Diniz, teria contraído com Cunha antes de morrer.