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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARA LÓGICA E O DESPERDÍCIO.

Na primeira quinzena de outubro-2015 cruzei parte de semiárido nordestino ao sair de Juazeiro do Norte – CE com destino a João Pessoa – PB, passando pelo Pajeú e Moxotó em Pernambuco e pelos dois Cariris, o cearense e o paraibano. No trajeto, além do indesejável tom cinza da caatinga castigada por um longo período de estiagem destacam-se duas variáveis para combate à seca.

O primeiro os programas P1MC – Programa um milhão de cisternas e P1 + 2 – Programa uma terra e duas águas, tocados com ações conjuntas dos governos da União e dos Estados beneficiados e participação ativa da entidade ASA Brasil – Articulação do Semiárido Brasileiro, entidade que atua em Minas Gerais e nos noves estados do nordeste e parceria com a Cáritas Brasileira.

Tais projetos revestidos de simplicidade e pragmatismo estão dando respostas imediatas para problemas antes insolúveis. O envolvimento das comunidades e das famílias, sob minha capacidade de observação, é um dos grandes vetores para o sucesso dos programas.

Por outro lado o projeto de transposição do lendário Rio São Francisco assusta pela complexidade e lentidão das obras, são trechos e mais trechos com estágios diferentes e sem qualquer ligação entre as partes em execução.

Como não é novidade para ninguém tal obra é fundamentada em duas grandes frentes. O eixo norte que parte de Cabrobó – PE para reduzir os impactos da falta d’água nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, por meio dos rios Brígida (PE), Salobro e Jaguaribe (CE), Apodi (RN) e Piranhas (PB), referido canal principal terá em torno de 400 km e o eixo leste para mitigar os estragos da seca em Pernambuco e na Paraíba, através dos rios Pajeú e Moxotó (PE) e Paraíba (PB), referido canal percorrerá um distância de aproximadamente 200 km.

Sobre os benefícios e necessidade desse mega projeto qualquer pessoa de bom censo tem pouca resistência, no entanto, para um país com baixa capacidade de investimento e pouca experiência em obras com tal grau de complexidade iniciar as duas frentes simultaneamente foi uma irresponsabilidade do tamanho da obra. Com o dinheiro gasto até agora, sem que nada esteja perto do fim, sugere claramente que se todas as energias operacionais e financeiras tivessem sido direcionadas para o trecho menor (eixo leste) poderíamos está com parte do problema resolvido.

Caso os programas relacionados com as cisternas seguisse a mesma loucura da transposição, com a construção simultânea da sua totalidade estaríamos hoje com alguns milhões de buracos espalhados pelo semiárido e com um número muito menor de cisternas prontas.

Por: Ademar Rafael


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